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1657 episodes from Brazil

Eleições: usos e abusos nas redes sociais

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A campanha começa oficialmente nesta terça-feira, mesma data em que o Tribunal Superior Eleitoral troca de comando. Agora sob a presidência do ministro Alexandre de Moraes, o TSE quer se aproveitar da experiência traumática de 2018 para conter a desinformação. Para isso, fechou acordos com diferentes plataformas. Mas, dadas a profusão de conteúdo e a resistência das empresas, o máximo que se consegue é “enxugar gelo”, avalia Pablo Ortellado, coordenador do Monitor do Debate Político no Meio Digital e professor da USP. Em conversa com Renata Lo Prete, o colunista do jornal O Globo pondera que ataques entre candidatos sempre existiram. A grande novidade é a ofensiva de um deles contra as regras do jogo. “O elemento mais preocupante são os ataques ao sistema eleitoral”, diz. Na disputa entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) nas redes, importa menos o número individual de seguidores e mais o tamanho do exército de influenciadores a serviço de cada um, avalia o pesquisador. Ele também elenca as plataformas que mais preocupam pelo potencial de disseminação de fake news: WhatsApp (dificuldade de rastreamento das mensagens), Facebook (investiu pouco em transparência) e YouTube (comprometimento ainda frágil com a retirada de conteúdo enganoso).

Combustíveis em queda no mundo

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Pela primeira vez desde fevereiro, quando começou a guerra na Ucrânia, o galão de gasolina ficou abaixo de US$ 4 nos EUA. Reflexo de medidas internas, mas sobretudo do tombo no valor do petróleo no mercado internacional - o barril passou de US$ 120 para menos US$ 100 em questão de semanas. Realidade também na Europa e no Brasil, a inflexão na curva de preços dos derivados tem como pano de fundo “a desaceleração da economia em todo o mundo”, afirma Armando Castelar Pinheiro, pesquisador do FGV-IBRE e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em conversa com Renata Lo Prete, ele analisa o peso da China e de seus gigantescos lockdowns para conter surtos de Covid no quadro de risco de recessão global. E trata do Brasil, onde a equação dos combustíveis passa também, no momento, “pela valorização do real diante do dólar”, além de fatores político-eleitorais. Na semana passada, a Petrobras anunciou novo corte no preço do diesel para as refinarias.

Os significados do 11 de agosto

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No Largo de São Francisco, milhares de pessoas se reuniram ao redor das arcadas da Faculdade de Direito da USP enquanto, lá dentro, eram lidos dois documentos concebidos em resposta à escalada ofensiva de Jair Bolsonaro contra o sistema eleitoral. Um da Federação das Indústrias de São Paulo e outro - a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito" - de professores da própria escola. Acompanhando a manifestação in loco, a produtora e roteirista Isabel Seta registrou para este episódio as palavras mais entoadas nas vozes do estudante Igor, de 18 anos, e da aposentada Maria Aparecida, de 81. Todas as capitais e o Distrito Federal organizaram atos para endossar a carta, que já tem mais de 1 milhão de assinaturas. “Caiu o preço para a elite apoiar a democracia”, diz o sociólogo Celso Rocha de Barros sobre a mensagem contida na presença das lideranças tanto da Fiesp quanto da Febraban na cerimônia. “E subiu o preço do golpe”, completa. Convidado de Renata Lo Prete para tirar o saldo deste 11 de agosto, o colunista do jornal Folha de S. Paulo destaca o caráter suprapartidário do evento, que reuniu desde ex-aliados do atual presidente até organizações historicamente ligadas à esquerda. A carta dos juristas vem à luz 45 anos depois de sua versão inspiradora, escrita durante a ditadura. Mas, avalia Celso, os atos desta quinta-feira se assemelham menos aos de 1977 e mais à campanha das Diretas Já, na década seguinte, quando o regime militar estava em seus estertores. Para ele, o sucesso da iniciativa atual mostra a políticos e militares “que estão em dúvida para que lado o vento vai soprar”. “Dar golpe e fracassar não é bom negócio”, conclui.

Justiça aperta o cerco contra Trump

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A operação realizada por agentes do FBI no endereço do ex-presidente na Flórida joga luz sobre um caso menos comentado que o da invasão do Congresso, porém de maior potencial imediato de dano. O material recolhido em Mar-a-Lago “nem poderia ter deixado a Casa Branca”, diz Guga Chacra, lembrando que, nos EUA, qualquer registro oficial do presidente é considerado bem público e deve permanecer no Arquivo Nacional. Desaparecer com esses documentos pode resultar até em inelegibilidade. Para o comentarista da TV Globo em Nova York, também colunista do jornal O Globo, essa ação inédita dificilmente teria sido autorizada “sem evidência de crime”. Na conversa com Renata Lo Prete, o jornalista recapitula as diferentes apurações em curso contra Donald Trump - em depoimento nesta 4ª feira em Nova York, o ex-presidente invocou a 5ª emenda à Constituição para não responder perguntas sobre suspeitas de fraude em seus negócios privados. Passando da polícia à política, Guga analisa o domínio de Trump sobre o Partido Republicano e o que ameaça rompê-lo. E avalia se o ex-presidente está hoje mais perto da cadeia, do impedimento eleitoral ou de uma nova candidatura à Casa Branca.

TSE e militares: freio de arrumação

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A Justiça Eleitoral vinha reagindo apenas com esclarecimentos e declarações de princípios aos questionamentos infundados de militares, estimulados por Jair Bolsonaro, às urnas eletrônicas. Mas agora decidiu que isso não basta: flagrado espalhando fake news sobre elas, o coronel Ricardo Sant’Anna foi expulso do grupo formado para verificar a programação das máquinas de votar. Em conversa com Renata Lo Prete, o repórter Marcelo Godoy, do jornal O Estado de S. Paulo, explica que as postagens de Sant’Anna ferem o regulamento disciplinar do Exército, o Estatuto do Militar e portaria do Ministério da Defesa. Para Godoy, que cobre a área há muitos anos, não se trata de caso isolado. “Existe larga contaminação das Forças Armadas pelo bolsonarismo”, diz. O episódio conta ainda com a participação de Marina Dias, autora de reportagem na revista Piauí sobre as providências tomadas pelo TSE para salvaguardar a integridade do processo. “Quanto às sugestões dos militares, a Corte considera que tudo o que poderia ser incorporado já foi”, afirma a jornalista. “As respostas foram dadas, são públicas. Os militares insistem porque isso faz parte do jogo de tentar desacreditar.” Marina também analisa a iminente troca de comando no tribunal - na próxima semana, Fachin será sucedido por Alexandre de Moraes.

Eleição: como fica a economia no dia seguinte

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A escalada golpista do presidente da República acordou a sociedade civil para o imperativo de defender as instituições e o sistema de votação. Em paralelo, seis especialistas com larga experiência no setor público lançam agora um documento intitulado “Contribuições para um Governo Democrático e Progressista”. Um de seus autores, Bernard Appy, diz a Renata Lo Prete que a perspectiva de um cenário internacional adverso e a fatura da irresponsabilidade eleitoreira da atual gestão desenham um 2023 “muito desafiador”. Lula, observa o ex-número 2 da Fazenda na administração do petista, “errou” ao qualificar como “herança maldita” o legado do tucano Fernando Henrique Cardoso. Maldita, afirma, será a herança deixada por Jair Bolsonaro. Em resposta, Appy e colegas (os também economistas Persio Arida, Marcelo Medeiros e Francisco Gaetani, o cientista político Sergio Fausto e o advogado Carlos Ari Sundfeld) propõem, entre outras medidas, uma “política fiscal de transição” para os próximos 4 anos, que não abandone de todo o teto de gastos, mas permita um excedente (1% do PIB) a ser destinado a políticas de distribuição de renda e investimentos em ciência e proteção ambiental. No capítulo tributário, uma das ênfases é em mudanças “que estimulem a formalização dos trabalhadores”. O diretor do Centro de Cidadania Fiscal também explica por que o documento será entregue a todos os candidatos ao Planalto menos Bolsonaro: “A defesa do Estado democrático de direito é pressuposto básico” da iniciativa.

Para entender a sucessão em MG

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O atual governador, Romeu Zema (Novo), lidera com folga as pesquisas. Seu único adversário competitivo, Alexandre Kalil (PSD), deixou o segundo mandato como prefeito de Belo Horizonte para concorrer. Ambos sem origem na política tradicional, conhecidos do público e bem-avaliados , eles se enfrentam em um duelo “de caráter local muito forte”, explica o mineiro Bruno Carazza, colunista do jornal Valor Econômico e autor do livro “Dinheiro, Eleições e Poder”. Isso leva, segundo o economista, a uma polarização “de dentro para fora”, ao contrário do que acontece em outros Estados. Zema, que em 2018 surfou a onda bolsonarista, agora procura manter distância da rejeição ao presidente, que se viu obrigado a patrocinar um candidato até aqui inexpressivo (Carlos Viana, do PL) para não ficar sem palanque no segundo maior colégio eleitoral do país. Já Kalil espera contar com a dianteira do aliado Lula no Estado para ao menos levar a disputa com Zema a um segundo turno. Para os dois protagonistas da corrida nacional, há muito em jogo ali: desde a redemocratização, ninguém se elegeu ao Planalto sem vencer em Minas.

EXTRA: Jô Soares, gênio de múltiplos talentos

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Uma história que se confunde com a da televisão brasileira, na qual ele teve duas grandes “encarnações”: a dos programas humorísticos, dos quais saíram personagens e bordões eternizados na memória do público; e a do apresentador de “talk show” que entrevistava com igual habilidade notáveis e desconhecidos. Mas Jô Soares, morto nesta sexta-feira aos 84 anos, foi muito mais: homem de teatro, tradutor, artista plástico, escritor de sucesso e, em todos os ofícios que abraçou, um eterno curioso. “Quando ele se interessava por um assunto, virava professor”, conta Matinas Suzuki Jr., co-autor do livro de memórias do artista. Em conversa com Renata Lo Prete neste episódio especial, ele relembra marcos e casos curiosos de uma carreira que se estendeu por mais de seis décadas. “Jô tinha uma vida maior que a vida”, afirma o jornalista, diretor de operações da editora Companhia das Letras. “A partida dele é reveladora de um país que perdeu graça, charme e humanidade", conclui. O episódio inclui áudios do jornal O Globo, do programa #Provoca (TV Cultura), do SBT e do canal de Drauzio Varella.

A armadilha do consignado com Auxílio Brasil

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Em novo capítulo do vale-tudo rumo às urnas, Jair Bolsonaro acaba de sancionar medida provisória que permite comprometer até 40% do benefício com o pagamento dessa modalidade de empréstimo. E sem limite para os juros cobrados. Um combinado explosivo para famílias que mal conseguem se alimentar com os R$ 400 mensais, elevados para R$ 600 somente até o final do ano, alerta Ione Amorim, coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Instituto de Defesa do Consumidor. Para esse segmento, caberiam linhas de crédito emergenciais, “mas com orientação e em outras condições”, afirma a economista. O modelo adotado “atende aos interesses do sistema bancário” em prejuízo dos mais vulneráveis, lançados na espiral de endividamento que assola o país. “O nome disso é estelionato eleitoral”, resume Flávia Oliveira, comentarista da GloboNews e colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Na conversa com Renata Lo Prete, ela enumera várias iniciativas do governo com o mesmo propósito, como as “bondades” temporárias aprovadas na PEC Kamikaze. Sobre a mais recente delas, a jornalista conclui: “A população pobre precisa de assistência social, não de empréstimo”.

BR-319, nova fronteira da devastação

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Nem metade da rodovia concebida na ditadura militar para ligar os 885 km entre Manaus (AM) e Porto Velho (RO) saiu do papel. E o que saiu está em péssimas condições, oferecendo todo tipo de perigo aos motoristas. Apesar do custo bilionário, é o único projeto desse porte “que jamais teve estudo de viabilidade econômica”, observa o norte-americano Philip Fearnside, biólogo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Abandonado por décadas devido a sua inviabilidade, ele recebeu apoio de Jair Bolsonaro desde o início do mandato, e agora o Ibama emitiu licença prévia para a pavimentação dos 400 km centrais do trajeto, que atravessam ou margeiam terras indígenas e áreas de conservação. Na conversa com Renata Lo Prete, Fearnside alerta para o efeito “catastrófico” que a obra terá sobre um dos últimos grandes maciços verdes da floresta. A simples perspectiva de sua realização fez disparar a grilagem de terras públicas e o desmatamento no entorno, além de estimular o surgimento de estradas secundárias ilegais, em processo conhecido como “espinha de peixe”. O pesquisador, integrante do time que recebeu o Nobel da Paz por estudos feitos com o Painel sobre Mudanças Climáticas da ONU, lembra ainda que está “tudo conectado”, ou seja, as consequências são para o Brasil inteiro e para o mundo.

Pelosi em Taiwan, e a tensão entre EUA e China

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A visita da presidente da Câmara dos EUA foi a primeira de uma alta autoridade norte-americana em 25 anos. Atitude avaliada como uma provocação, já que Taiwan é considerado território chinês por Pequim. A escalada de tensão é um dos piores momentos da relação desde a separação provocada pela Revolução Chinesa (1949), quando “Taiwan passa a ser uma ilha rebelde”, explica o embaixador aposentado Fausto Godoy. Coordenador do Centro de Estudos das Civilizações da Ásia da ESPM, Godoy analisa em conversa com Natuza Nery que um conflito “não interessa” a nenhuma das partes. Ele, que já morou nas capitais dos dois países, diz que o confronto mancharia a imagem chinesa e seria prejudicial ao governo de Taipei, dependente economicamente de Pequim. Em relação aos EUA, Fausto analisa como a decisão de Pelosi diz muito mais sobre política interna do que externa. “Ela precisa manter a cara do partido Democrata” de olho nas eleições de meio de mandato, quando o partido pode perder maioria no Congresso.

Varíola dos macacos: o tamanho da crise

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Há cerca de 2 meses, eram 200 casos notificados no mundo, nenhum deles por aqui. Hoje, são mais de 20 mil em 78 países, o que levou a Organização Mundial da Saúde a uma rara declaração de “emergência global". E o Brasil, que está entre os mais atingidos, registrou sua primeira morte. Em entrevista a Renata Lo Prete, a epidemiologista Denise Garrett explica as falhas que permitiram a disseminação de uma doença conhecida em regiões da África desde os anos 70 e para a qual existe vacina. “Não temos visto ações coordenadas de contenção", diz a vice-presidente do Instituto Sabin, que atuou por duas décadas no Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. Lá, a burocracia tem atrasado o acesso dos pacientes mais vulneráveis, que sofrem com dores e lesões no corpo, ao antiviral disponível. Enquanto no Brasil o Ministério da Saúde repete condutas que muito nos custaram na pandemia, como demora em adquirir vacinas, pouca atenção à testagem e escassez de campanhas de esclarecimento. “Quando se trata de uma doença infecciosa”, observa Denise, “semanas, dias até, fazem muita diferença”. Embora seja um meio de transmissão recorrente no momento, “esta não é uma doença de homens que fazem sexo com homens”, alerta Denise, lembrando que crianças estão entre os grupos de risco. “O estigma só atrapalha o enfrentamento”.

Urna eletrônica: uma história de inclusão

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Em 1532, quando ocorreu a primeira eleição de que se tem notícia no Brasil, habitantes de São Vicente (SP) cochichavam para o escrivão os nomes de seus escolhidos para a Câmara Municipal. Desde então, foi um longo caminho até o sistema seguro, eficiente e universal que temos hoje. Em conversa com Renata Lo Prete, o cientista político Marcus André Melo identifica momentos-chave dessa trajetória, como a introdução do voto secreto (1932) e a adoção da cédula oficial (1955). Explica termos reveladores da profusão de fraudes no Império e na República Velha, como “fósforos” (eleitores fantasmas) e “chapa de caixão” (cédula falsa). E analisa a revolução emancipatória promovida pela urna eletrônica, que estreou em 1996. “O Brasil era campeão de voto inválido”, lembra o professor da Universidade Federal de Pernambuco. A taxa, que chegou a superar 40% na eleição para deputado federal em 1990, caiu para cerca de 7% em 2000, e desde então se manteve relativamente estável. Para completar, até hoje não se identificou caso de fraude com a urna eletrônica, e o fim da necessidade de escrever na cédula “encorajou a participação” do eleitor menos instruído. O direito ao voto, que será exercitado mais uma vez em outubro, “ganhou concretude".

Origem do coronavírus: novas evidências

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Dois estudos recém-publicados na revista “Science” reforçam a hipótese de que um mercado da cidade chinesa de Wuhan foi o marco zero da doença que já matou mais de 6 milhões de pessoas desde o final de 2019. A parte do estabelecimento na qual os cientistas encontraram o SarsCov2 é justamente aquela “onde eram vendidos animais silvestres vivos”, explica o repórter da TV Globo Álvaro Pereira Júnior, indicando a probabilidade de que o vírus tenha mesmo “saltado” de uma dessas espécies para humanos. Diretor de três documentários do Globoplay sobre a pandemia, é ele quem apresenta, neste episódio, as principais conclusões dos dois estudos, além de apontar incógnitas que permanecem. Uma delas é qual teria sido exatamente o animal intermediário. Outra, a “pré-história” da doença: os pesquisadores “sabem o que aconteceu do mercado para frente, mas não do mercado para trás", resume Álvaro. Por isso, embora enfraquecida, ainda não está de todo descartada a possibilidade de “vazamento” do vírus de um laboratório situado a algumas milhas do mercado. Participa também o virologista Gúbio Soares, da Universidade Federal da Bahia, que destaca a elevada habilidade do SarsCov2 para driblar nosso sistema imunológico.

Não ao autoritarismo: em 1977 e hoje

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Quarenta e cinco anos depois da “Carta aos Brasileiros”, um documento com o mesmo espírito, igualmente nascido na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, reage à erosão de conquistas duramente alcançadas e às investidas golpistas do presidente da República. Para comparar as duas iniciativas e a conjuntura que as produziu, Renata Lo Prete recebe dois signatários da peça que começou a circular nesta terça-feira e já alcançou mais de 160 mil adesões - de empresários, intelectuais, artistas e quase uma dezena de ex-ministros do Supremo. O advogado criminalista José Carlos Dias, que foi ministro da Justiça e atualmente preside a Comissão Arns, fala com a experiência de quem teve papel decisivo na articulação da carta original. Ele a descreve como “um laudo” da ditadura militar, que contribuiu para galvanizar a sociedade civil e expor as arbitrariedades do regime. “Hoje, aos 83 anos, me vejo obrigado a continuar nesta luta", diz, emocionado. Participa também do episódio Conrado Hübner Mendes, professor de Direito Constitucional da USP. Ele destaca a rápida expansão do novo documento para além das fronteiras da comunidade jurídica, o que atribui à gravidade do momento. “A ficha está caindo tarde”, avalia. E “o alarme, soando muito alto”.

A Europa cansada da guerra

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Na maior economia da região, o chanceler Olaf Scholz avisou que o vertiginoso aumento nos preços da energia será repassado ao consumidor. A dificuldade dos países do bloco até chegar a uma meta (opcional) de redução no consumo de gás natural expõe a falta de consenso sobre como lidar com a Rússia, principal fornecedora, decorridos cinco meses da invasão à Ucrânia. Para analisar esse quadro e as perspectivas do conflito, Renata Lo Prete recebe Tanguy Baghdadi, professor de Relações Internacionais na Universidade Veiga de Almeida e fundador do podcast Petit Journal. “Quando a Alemanha faz um movimento como esse, dá a senha para outros governos admitirem que não estão conseguindo arcar com as consequências da guerra”, ele afirma. Tanguy trata também das incertezas em torno do acordo mediado pela Turquia para liberar os grãos retidos na Ucrânia - um dia depois do anúncio, os russos bombardearam o porto de Odessa.

Lula x Bolsonaro: fase pós-convenções

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Em contraste com a cerimônia quase protocolar realizada pelo PT três dias antes em São Paulo, o PL promoveu um megaevento no Maracanazinho para formalizar a candidatura do atual presidente da República. Em seu discurso, Jair Bolsonaro mirou claramente três grupos, avalia o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria: “militares, evangélicos e agro”. A aposta no núcleo de sua base de apoiadores tem uma explicação: “a eleição racional é ruim para o presidente”, observa o professor da Universidade Federal de Minas Gerais. “Ele depende de uma que seja emotiva." Na conversa com Renata Lo Prete, Felipe chama a atenção para a peculiaridade da disputa entre um presidente e um ex-ocupante do cargo - primeiro e segundo colocados, respectivamente, em quadro há muito tempo estável. “No fundo, o eleitor vai decidir a quem ele vai dar uma nova chance", diz. Por isso, Felipe explica, “medo, merecimento e rejeição” são sentimentos do eleitorado importantes de monitorar. No entender do cientista político, será preciso esperar até meados de agosto, pelo menos, para mensurar quanto benefício Bolsonaro conseguirá extrair do novo valor do Auxílio Brasil (R$ 600) e de outras medidas que visam conquistar o voto dos mais pobres, hoje predominantemente com Lula.

Caso Codevasf: onde e quem ele pega

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A descoberta, pela Polícia Federal, de um esquema de lavagem e desvio de dinheiro na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba joga luz sobre pelo menos três questões. Primeiro, mudanças promovidas na estatal sob o governo Bolsonaro para aumentar sua área de atuação e mudar a natureza dos serviços prestados, com ênfase em obras de pavimentação. Depois, o controle que políticos do Centrão passaram a exercer ali. Por fim, a multiplicação de recursos do Orçamento Secreto destinados à companhia. Em conversa com Renata Lo Prete, a jornalista Maria Cristina Fernandes detalha as investigações, no momento voltadas para a empreiteira ConstruService -fraudando processos licitatórios, ela se tornou onipresente em contratos da Codevasf no Maranhão. A repórter especial do Valor Econômico, também comentarista da rádio CBN, observa que o escândalo atinge o principal eixo de sustentação de Jair Bolsonaro: o presidente da Câmara. Arthur Lira (PP-AL), avalia a jornalista, vê comprometida sua capacidade de entregar tudo o que prometeu a aliados na Casa. E de atuar como “mediador de conflito” na mais recente crise armada pelo presidente da República, ao mentir sobre as urnas eletrônicas diante da comunidade internacional.

Eleições 2022: segurança dos candidatos

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2018 ficou marcado pelo atentado contra aquele que terminou vitorioso na disputa pela Presidência da República. Quatro anos depois, a campanha oficial nem começou, e os casos de violência escalam em frequência e gravidade. No mais recente, um apoiador de Jair Bolsonaro (PL) assassinou o tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu. Agora, com a temporada de convenções partidárias, entra em cena a Polícia Federal, que passa a ser responsável pela proteção dos candidatos ao Planalto. Em conversa com Renata Lo Prete, o diretor-executivo da PF, Sandro Avelar, explica os critérios que pautam a análise de risco usada para definir o tamanho do aparato de cada um - Lula e Bolsonaro são colocados no ponto máximo de uma escala que vai de 1 a 5. O delegado também detalha contingente, equipamentos e recursos disponíveis. Da segunda parte do episódio participa Renato Sergio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para ele, a eleição deste ano “será a mais complexa no que diz respeito à segurança".

Como enquadrar o show do Alvorada

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Usar a estrutura do governo para fazer campanha antecipada. Mentir sobre as urnas eletrônicas. Tentar impedir o exercício de direitos e a atuação dos Poderes. Incitar as Forças Armadas contra instituições civis. Tudo vedado por dispositivos que vão da Constituição Federal às regras eleitorais, passando pela Lei do Impeachment. Tudo passível de punição - e, no entanto, presente com abundância de indícios no evento para o qual Jair Bolsonaro convocou embaixadores de dezenas de países. Para esclarecer, ponto a ponto, os crimes em que o presidente da República pode ter incorrido e que consequências eles acarretam, O Assunto ouve dois especialistas. “A convocação do aparato estatal para fazer propaganda negativa dos adversários” está caracterizada, avalia Luiz Fernando Pereira, coordenador-geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Política. Mais comprometedor, porém, “é o conteúdo da fala” de Bolsonaro. O advogado lembra que vivemos em um “novo ambiente no Brasil a partir do julgamento do caso Francischini” - o deputado estadual que perdeu o mandato e se tornou inelegível por divulgar informações falsas contra o sistema de votação. Para Eloisa Machado, professora de Direito Constitucional da FGV, o país “tem um arcabouço jurídico capaz de dar conta dessas condutas do presidente”. O que se espera, diz ela, é que “as instituições incumbidas de aplicar a lei tenham condições de fazê-lo quando o momento chegar”.

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