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Everest: temporada mortal no topo do mundo

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Todos os anos, cada vez mais turistas encaram o desafio de subir ao ponto mais alto do mundo, a 8.849 metros de altura. Não é exagero: o número de alpinistas (profissionais e amadores) dispostos a essa aventura cresceu tanto que houve até um recente episódio de congestionamento nos metros finais da subida. A superlotação aumenta o risco – assim como os ventos cortantes de 100 km/h e a temperatura que chega a -50°C. Para contar a experiência de subir o Everest e explicar todos os perigos envolvidos, Natuza Nery entrevista Clayton Conservani, jornalista de esporte do Grupo Globo. Neste episódio: - Clayton analisa os fatores climáticos que resultaram em uma temporada especialmente perigosa para os alpinistas no Everest: “Os principais obstáculos para alcançar o topo são a velocidade dos ventos e a falta de oxigênio”. Quando isso se soma a temperaturas muito baixas, como neste ano, há uma “combinação fatal”; - Ele, que já subiu o monte duas vezes, relata o passo a passo da expedição, que dura cerca de dois meses – e destaca o perigo de cruzar a “cascata de gelo” e de entrar na “zona da morte”. “O corpo humano não foi feito para suportar grandes altitudes”, afirma. “Acima dos 5.000 metros, é como respirar com um pulmão só, e você se sente morrendo lentamente”; - O jornalista recorda o impacto do terremoto de 2015 no Nepal e como foram os 10 dias de cobertura: “Estávamos lá durante o pior terremoto dos últimos 80 anos”. Ele relata a destruição que viu em Katmandu e também na montanha – e como isso prejudicou o turismo no Nepal e incentivou a emissão de mais licenças para alpinistas no Everest; - Clayton conta como foi a tentativa de chegar ao cume da montanha em 2005, quando ficou 79 dias em expedição e perdeu cerca de 15 kg – e como seu amigo, um dos maiores alpinistas brasileiros, Vitor Negrete, morreu horas depois de chegar ao ponto mais alto do mundo.

Blindagem de políticos: aprovação a toque de caixa

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A toque de caixa, a Câmara aprovou um projeto de lei que pune “discriminação contra políticos”. O texto foi apresentado pela deputada Dani Cunha (União Brasil), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Entre os pontos, está a punição para quem negar crédito a quem for “politicamente exposto” - uma lista de 99 mil pessoas com muito poder, além de parentes, sócios e colaboradores de políticos. Para entender o projeto e o que a tramitação relâmpago dizem sobre a política em Brasília, Natuza Nery conversa com Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e da rádio CBN. Neste episódio: - Maria Cristina Fernandes explica os pontos do projeto e como ele foi “incluído de supetão” na pauta da Câmara. “A verdade é que na noite de quarta-feira ninguém sabia exatamente o que estava sendo votado”, diz; - “Os partidos estão em uma cruzada para ampliar a margem de atuação e descriminalizar a atuação dos dirigentes partidários”, diz, ao citar o interesse de parlamentares de blindar partidos e dirigentes na gestão de recursos dos fundos Partidário e Eleitoral; - A jornalista aponta para a importância de entender o momento em que o texto foi aprovado na Câmara, quando há “tentativa do Centrão de ampliar a todo custo seu espaço no governo”; - E conclui como a relação entre o presidente Lula e o deputado Arthur Lira, que comanda a Câmara, explica as circunstâncias da votação do texto.

As igrejas evangélicas e a comunidade LGBT+

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O mês de junho marca as comemorações do orgulho LGBT+, e é também quando acontece a Marcha para Jesus. Evidenciando um discurso pela inclusão de fieis de diferentes orientações e identidades, enquanto parte conservadora dos evangélicos resiste. Para entender como grupo evangélicos acolhem a comunidade LGBT+, e a reação a este movimento, Natuza Nery recebe dois pastores. Hermes Carvalho Fernandes, da Igreja Reina, psicólogo, teólogo e autor de “Homossexualidade: da sombra da lei à luz da graça”, e Fellipe dos Anjos, doutorando em Ciências da Religião na Universidade Metodista de São Paulo. Neste episódio: - Hermes expõe o que o fez lutar pela causa da inclusão e explica quais trechos da Bíblica são usados para justificar a homofobia. Ele cita “interpretações equivocadas” e explica a leitura que faz destes mesmos trechos: “Não encontramos uma única passagem que fale sobre homoafetividade”, diz; - O pastor fala de perseguições sofridas ao acolher a diversidade, e é categórico ao dizer que não trocaria este acolhimento para ter um número ainda maior de fieis. “Aquela pessoa que nós acolhemos, para onde iriam?”, questiona. "De que adianta arrastar multidões com conservadorismo doentio?”; - Fellipe dos Anjos explica o surgimento de alas progressistas entre os evangélicos, grupo religioso em crescimento no Brasil nas últimas décadas. “Os evangélicos não só cresceram, mas também se pluralizaram”, afirma – ao citar minorias teológicas, sociais, raciais, culturais, políticas e sexuais; - Ele analisa por que grupos mais conservadores “se fecham” à pluralidade. E conclui: “o que explica um recrudescimento do fundamentalismo é uma aliança com a extrema-direita cultural e política”.

Colômbia: como resgate de 4 irmãos uniu militares e indígenas

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No dia 1° de maio, um avião com 7 pessoas decolou para fazer o trajeto entre as cidades colombianas de Araracuara e San Jose del Guaviare. Sinais de alerta de falha foram emitidos pelo piloto pouco antes da queda que matou 3 adultos. Começava ali a operação Esperança, que por 40 dias buscou 4 crianças sobreviventes – elas foram resgatadas na última sexta-feira de helicóptero, desnutridas, desidratadas e com picadas de insetos. Para entender como a história dos 4 irmãos indígenas revela a situação política do país, Natuza Nery conversa com Carlos de Lannoy, enviado especial da Globo à Colômbia, e Thiago Vidal, diretor de análise política para a América Latina da consultoria Prospectiva. Neste episódio: - Direto de Bogotá, Lannoy monta o quebra-cabeças do período em que os irmãos ficaram perdidos na selva: “Elas sobreviveram graças ao conhecimento que tinham da floresta”, explica. Ele descreve uma região onde chove torrencialmente até 16 horas por dia, com mata densa, animais venenosos e predadores; - O jornalista relata como o resgate às crianças indígenas engajou “um país dividido” há décadas por conflitos armados. Ele relembra o caso “dos falsos positivos”, indígenas acusados por militares de fazer parte de grupos guerrilheiros. E como “colombianos estão surpresos ao ver militares e indígenas juntos na floresta nas buscas”; - Thiago Vidal relembra a relação conflituosa entre indígenas e guerrilheiros na Amazônia colombiana. “Comunidades agrícolas e indígenas foram as mais prejudicadas pelo avanço do narcotráfico”, explica, ao lembrar os “desplazados”, pessoas obrigadas a sair de suas terras pelo avanço do tráfico e das guerrilhas; - O analista conclui como um recente cessar-fogo anunciado com o ELN (Exército de Libertação Nacional) e o resgate das crianças interferem no momento político do presidente Gustavo Petro, o primeiro de esquerda a governar a Colômbia.

O celular de Cid e a CPI dos Atos Golpistas

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Preso desde que a Polícia Federal deflagrou uma operação sobre a falsificação nos cartões de vacina de Jair Bolsonaro (PL), o ex-ajudante de ordens da Presidência se complicou ainda mais diante da descoberta de novas evidências de crime em seu celular. A PF encontrou conversas sobre tramas e tratativas para inviabilizar a posse de Lula (PT) como presidente. E também a troca de documentos propostos para legitimar uma ação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e a favor de um golpe de Estado. Para explicar os impactos e repercussões desse novo elemento no desenrolar da CPI dos Atos Golpistas, Natuza Nery conversa com Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: - Malu avalia que as novas evidências encontradas no celular do ex faz-tudo de Bolsonaro “complicam bastante” a situação dele e reforçam a tese de que Cid atuava “para justificar um golpe de Estado”; - Ela analisa os movimentos do governo e da oposição para assumir o protagonismo da CPI dos Atos Golpistas: “Até agora, embora os atos de 8 de janeiro tenham sido claramente fomentados por bolsonaristas, é o governo que parece acuado”. Um dos motivos, informa, é a presença do ex-chefe do GSI, Gonçalves Dias, no Palácio do Planalto no dia da invasão; - Malu chama a atenção para o fato de que, pela primeira vez, uma CPI terá que convocar e, possivelmente, indiciar generais. “É uma coisa muito séria que o governo Lula queria evitar, agora que a situação entre governo e militares está mais calma”, afirma; - A jornalista também comenta, à luz das novas evidências contra Mauro Cid, o que deve acontecer no julgamento de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (agendado para o dia 22 de junho): “É fato político que pode interferir”. Ela informa que “até os advogados de Bolsonaro” acham que a corte deve decidir pela inelegibilidade e que o “ex-presidente está com muito medo de ser preso”.

O desafio da alfabetização no Brasil

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Levantamento recente do Ministério da Educação concluiu que apenas 4 em cada 10 crianças do 2º ano do Ensino Fundamental estão alfabetizadas. Resultado de um histórico de fragilidades na formação educacional, somado à gestão desastrosa dos anos nos quais houve a necessidade de isolamento social. Para explicar os retrocessos provocados pela pandemia e quais os desafios para alfabetizar as crianças brasileiras, Natuza Nery entrevista a pedagoga Isabel Frade, presidente emérita da Associação Brasileira de Alfabetização e pesquisadora do centro de alfabetização, leitura e escrita da UFMG; e fala também com Gabriel Corrêa, economista e diretor de políticas públicas no Todos pela Educação. Neste episódio: - Isabel explica a evolução do conceito de alfabetização ao longo dos anos e como “mudanças no uso da escrita na sociedade” impuseram a ideia de letramento no contexto educacional. “A expectativa hoje é que a criança, além de decifrar o sistema de escrita e dominar os instrumentos de escrita, seja leitora e produtor de texto”, afirma; - Ela demonstra porque o processo de alfabetização não é apenas uma questão de gestão ou pedagógica: “A desigualdade tem que ser colocada em primeiro plano". E, do lado de dentro da escola, além da universalização do acesso à educação, é preciso “metodologias, materiais, formação de professores e condições de trabalho”; - Gabriel diz que “não há bala de prata” para resolver a educação no Brasil, mas aponta ações cuja eficácia já foi observada: foco na formação de professores, melhor gestão escolar e avaliações mais precisas. Para isso, destaca que “estados e governo federal precisam apoiar e dar incentivo para aos municípios”; - Ele também chama a atenção para a “tragédia silenciosa” de não alfabetizar as crianças no tempo ideal. “É preciso uma ação emergencial para evitar que isso prejudique toda a continuidade de suas vidas”, clama.

O brasileiro endividado – e o impacto na economia

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O governo lançou um programa que pode atender até 70 milhões de brasileiros inadimplentes. O Desenrola vai ajudar quem ganha até 2 salários-mínimos e tem dívidas de até R$ 5 mil a renegociar e parcelar seus débitos a juros muito abaixo da prática do mercado. Para explicar como o programa irá funcionar e sua repercussão na economia, Natuza Nery entrevista Renato Meirelles, fundador do Instituto Locomotiva e do Data Favela, e Rafael Pereira, ex-presidente da Associação Brasileira de Crédito Digital e cofundador da fintech Crédito Open Co. Neste episódio: - Renato lembra como as classes D e E foram as que mais sofreram durante a pandemia: enfrentaram alta da inflação dos alimentos e perda de emprego formal e informal. “Isso acaba com a ideia de que as pessoas estão inadimplentes porque são perdulárias”, afirma; - Ele revela que grande parte da população inadimplente adquiriu a dívida “com crédito concedido enquanto tinha renda formal” e que, agora, dispõem das mais diversas estratégias para conseguir pagar as necessidades básicas: “61% dos endividados têm o hábito de fazer rodízio de contas para escolher que compromissos poderão honrar”; - Renato avalia o potencial econômico de R$ 800 bilhões do contingente de brasileiros que estão negativados: uma vez com o nome limpo, esse brasileiro “vai gastar com o seu cartão de crédito" fazendo varejistas "vender mais e, assim contratar mais gente”. Por isso o programa, explica, deve ser encarado “como auxílio aos mais necessitados” e como estímulo para um “ciclo econômico virtuoso”; - Rafael analisa de que modo muitas famílias recorrem ao crédito como um adicional à renda para compensar a corrosão do poder de compra imposta pela inflação: “É a lógica de vender o almoço para pagar o jantar. Isso não funciona e gera um problema social enorme”.

Junho de 2013: as manifestações que abalaram o país

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Os protestos começaram tímidos, contra o aumento de 0,20 centavos nas passagens do transporte público e com a reivindicação da tarifa zero. Conforme os atos ganhavam adesão popular, mais violenta a repressão policial: em poucos dias, as ruas das maiores cidades brasileiras estavam tomadas por milhões de manifestantes. Um terremoto que sacudiu a sociedade, criou diferentes movimentos sociais e lançou novos atores no cenário político. Para entender o impacto dos protestos na última década, Natuza Nery conversa com Roberto Andrés, professor da escola de arquitetura da UFMG e autor do livro “A razão dos centavos: crise urbana, vida democrática e as revoltas de 2013”. Neste episódio: - Roberto recorda que as revoltas contra aumentos tarifários remontam desde o século 19, um sinal de que “a questão da mobilidade urbana nunca foi bem endereçada”. No momento das manifestações de 2013, havia um novo elemento em jogo: as redes sociais. “De positivo, houve mais democratização nos eventos. De negativo, o debate ficou mais superficial”, analisa; - Ele lembra que o pós-junho de 2013 foi marcado pela profusão de movimentos populares, e que o acirramento da polarização política começa a aparecer no contexto das eleições presidenciais de 2014. “Os autoritários de extrema-direita surgem na segunda metade da década com falsas soluções para os mesmos problemas”; afirma; - Ele também observa que a pauta da tarifa zero, uma demanda vista como “irrealista e impossível” em 2013, teve um salto no Brasil desde então: hoje, são mais de 70 cidades que adotam a política, servindo mais de 3,5 milhões de pessoas. “As manifestações colocaram a ideia no centro do debate”; - Roberto afirma que, dez anos depois da revolta, “quem está melhor posicionado na política brasileira é o Centrão”. E conclui que, com a eleição do Lula, fica evidente que “as agendas demandadas lá atrás ainda não foram absorvidas pela esquerda”.

Bruno e Dom, 1 ano do crime no Vale do Javari

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No dia 5 de junho de 2022, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram vítimas de uma emboscada próxima à comunidade de São Rafael, região da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Na ocasião, apontam as investigações da polícia, eles foram executados com tiros nas costas por pescadores ilegais, a mando de financiadores do crime organizado. Para esclarecer o que se sabe deste crime um ano depois e as consequências dele no Vale do Javari, Natuza Nery conversa com Sônia Bridi, repórter do Fantástico e diretora do documentário “Vale dos isolados: o assassinato de Bruno e Dom”, disponível no Globoplay. Neste episódio: - Sônia relata os mais de 70 dias que passou no Vale do Javari para a gravação do documentário. “O cenário da Amazônia era outro e a água tinha abaixado mais de 3 metros em relação ao dia do crime”, recorda. Assim, ela acompanhou amigos e ex-colegas de Bruno numa incursão em busca de objetos pessoais dele e do jornalista: foram encontrados documentos, um caderno de anotações e um celular, cujas imagens “deixam clara a dinâmica do que aconteceu”; - Ela também explica a história de violência desmedida contra os indígenas que aflige há décadas o Vale do Javari. Há mais de 40 massacres relatados e registrados – em pelo menos dois deles, ocorridos em 1989 e 1995, assassinos têm relação com os executores de Bruno e Dom. E agora, a polícia tem indícios de que o mandante da morte dos dois é também responsável pelo homicídio do indigenista Maxciel Pereira, em 2019; - A jornalista apresenta uma figura importante no crime organizado da região, o Colômbia. É ele o suspeito de mandar matar Bruno, Dom e Maxciel, além de financiar a pesca ilegal e de estar relacionado à lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas. “Eu fui até a balsa onde operava o negócio do Colômbia, e fui intimidada e colocada para fora por policiais peruanos”, revela; - Sônia recorda as conversas que teve com os indígenas sobre o trabalho de Bruno no Vale do Javari: “Eles diziam que o Bruno era ‘parte de nós’, que era um parente”. Eles também contaram à jornalista que, em termos de segurança, nada mudou neste último ano. “As pessoas continuam sendo ameaçadas e com medo”, afirma.

Zanin, o indicado de Lula ao STF

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Desde que o Supremo anulou todas as condenações e devolveu a elegibilidade a Lula, o nome do advogado Cristiano Zanin aparecia no topo da lista de possíveis indicações à Corte caso o petista voltasse ao Palácio do Planalto. Lula venceu a eleição e, com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski, confirmou o favoritismo de seu advogado pessoal na saga que travou contra a Lava Jato – agora, seu nome precisa ser também aprovado no Senado por maioria simples. Para analisar as contradições de Lula nas indicações ao STF e os desafios de Zanin para superar desconfianças, Natuza Nery entrevista Felipe Recondo, sócio-fundador da plataforma Jota e autor de dois livros sobre o Supremo, e Conrado Hubner Mendes, doutor em direito e ciência política e professor de Direito Constitucional na USP. Neste episódio: - Recondo descreve os 23 anos de carreira de Zanin: os grandes casos em que trabalhou; sua atuação na Lava Jato; e o que pensa sobre pautas que transitam pelo Supremo. “Ele tem sensibilidade para a estabilidade do setor produtivo, e não vai se alinhar nem aos ministros mais progressistas, nem aos conservadores”, afirma; - Ele também comenta as reações dos ministros da Suprema Corte à indicação: “Eles sabem que a realidade é que Zanin estava na cabeça e no coração de Lula”. Isso porque, agora no terceiro mandato, Lula assumiu que a indicação para o STF seria “da sua confiança e de sua responsabilidade”; - Conrado observa que o provável ingresso de Zanin no Supremo é a manutenção “da tradição oitocentista” em relação à diversidade – uma maioria de 95% de homens brancos entre todos os ministros. “Um tribunal mais diverso é um tribunal mais inteligente e com mais força para cumprir sua missão”; - Para o futuro da Corte, ele afirma que Zanin carrega consigo um “fardo de desconfiança para o STF”. E que o fato do presidente indicar um aliado pessoal e uma “incógnita jurídica” dá todos os sinais de que seus critérios são “pouco republicanos e pouco constitucionais” - Rosa Weber se aposenta até outubro e Lula indicará o substituto.

Lula, a desarticulação e o poder de Lira

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Foi aos 45 do segundo tempo, mas o governo conseguiu aprovar na Câmara a Medida Provisória que mantém a atual estrutura do Planalto, com 37 ministérios. O texto final recebeu alterações, enfraqueceu os ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas e correu o risco de ficar fora da pauta no dia limite para a votação. Tarde da noite desta quarta-feira (31), véspera do dia em que perderia a validade, a MP passou com 337 votos a favor e 125 votos contrários. Agora, o texto será votado nesta quinta (1º) no Senado – e a expectativa é que seja aprovado. Para explicar as vitórias e derrotas do Executivo diante do Congresso e a tensa relação entre Lula (PT) e Arthur Lira (PP-AL), Natuza Nery conversa com Vera Magalhães, colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, na TV Cultura. Neste episódio: - Vera imputa a Lira “responsabilidade total” na resistência da Câmara em aprovar a MP governista: “Lira é uma entidade que detém a maioria dos deputados” - e ganha mais poder diante de um “governo fraco” politicamente no Parlamento; - Ela comenta a “ausência de Lula na articulação política”, que resulta de sua atenção excessiva com as relações exteriores e que pode “inviabilizar o governo na largada”: assim como enquadrou Bolsonaro com dezenas de pedidos de impeachment na mão, Lira pode colocar o atual presidente contra a parede ao pautar as CPIs; - Vera também revela a conversa que teve com um influente parlamentar: “Ele falou: ‘ganhou a eleição por 80% a 20%? Não, foi por 51% a 49%’. E é essa ideia que vai nortear tudo nesses quatro anos”, afirma. Assim, avalia, Lula corre o risco de ter um governo mais regressivo do que o do próprio Bolsonaro - “estão achando mais confortável passar a boiada sem o Bolsonaro para atrapalhar”; - A jornalista analisa a pressão do Congresso sobre o STF na questão do marco temporal das terras indígenas. “A Corte está dividida”, revela, sobre o julgamento em relação à constitucionalidade do tema, pautado para 7 de junho.

Gripe aviária no Brasil – quais os riscos?

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Nos últimos anos, surtos de contaminação com o vírus H5N1 vem se espalhando pelo globo, e se aproximando cada vez mais do Brasil. O país, que nunca registrou sinais de gripe aviária em granjas, identificou dois casos em aves silvestres no Espírito Santo; desde então, novos focos apareceram. São 13 até agora - além do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul também têm casos. Para mensurar o risco que a doença oferece, Natuza Nery fala com Paula Salati, repórter de agro do g1, e com o economista Fernando Henrique Iglesias, analista e consultora da Safras & Mercado. Neste episódio: - Paula explica as características do vírus H5N1, um subtipo do Influenza que afeta predominantemente as aves. Ele foi detectado pela primeira vez em 1996, na China, onde também foi registrado o primeiro contágio humano – nos últimos anos, tem se disseminado pelas Américas. “É um vírus que se espalha rapidamente e tem alta taxa de mortalidade”, afirma; - A jornalista justifica a decisão do Ministério da Agricultura de decretar estado de emergência zoossanitária: “A principal preocupação é evitar que a gripe chegue às granjas”. Caso haja contaminação nos produtores dedicados ao comércio de carnes e ovos, é preciso sacrificar todas as aves, explica; - Fernando dimensiona o tamanho do mercado de aves no Brasil: segundo maior produtor do mundo, maior exportador e prevê a produção de 15 milhões de toneladas de carne de frango até o fim do ano. E ressalta que, embora “o Brasil siga os mais rigorosos protocolos sanitários animais”, o mercado pode sofrer um baque caso a gripe chegue às granjas comerciais; - Ele também comenta o impacto da crise zoossanitária na Europa e nos Estados Unidos, onde houve desabastecimento e boom inflacionário na comercialização de ovos. No Brasil, avalia, “será preciso ter um descontrole muito grande” para que a inflação geral de preços seja pressionada.

Lula com Maduro, e a relação Brasil-Venezuela

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Nesta segunda-feira (29), Lula (PT) recebeu o chefe de Estado venezuelano no Palácio do Planalto antes da cúpula dos países da América do Sul. A efusiva recepção do presidente brasileiro culminou em uma coletiva de imprensa na qual teceu elogios a Nicolás Maduro e defendeu a suposta democracia da Venezuela - país que já foi denunciado pela ONU por violação dos direitos humanos. Para explicar o que Lula busca na aproximação com a Venezuela, Natuza Nery conversa com o analista político Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais na FGV-SP. Neste episódio: - Oliver elogia a “decisão pragmática” de reestabelecer relações com o país vizinho, com o qual o Brasil divide uma fronteira de 2.200 mil km, mas pondera: “Lula foi bastante longe com os comentários simpáticos a Maduro, e ganha muito pouco com isso”; - Ele afirma que a relação com a Venezuela é inevitável, mesmo que, hoje, “o país não seja uma democracia”. No entanto, os elogios de Lula ao regime promovem a “polarização” e causam “a festa dos grupos bolsonaristas”; - O analista político comenta a situação econômica da Venezuela, ultra dependente dos recursos provenientes da venda de petróleo: “um colapso” que se soma a uma inflação alta e a um quadro de “erosão democrática”. “É um Estado falido”, resume; - Oliver explica que a cúpula entre os líderes sul-americanos tem como objetivo “reiniciar o diálogo” na região, depois de anos de ausência brasileira. O desafio, aponta, é “avançar nas questões técnicas” em detrimento das diferenças ideológicas. “Lula mantém a capacidade de manter laços com líderes de esquerda e direita”, afirma.

Mata Atlântica sob risco de extinção

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Terceiro maior bioma do território nacional – onde está 70% da população brasileira – e berço de uma biodiversidade com mais de 2 mil espécies animais e 20 mil espécies de plantas. Toda a riqueza da Mata Atlântica foi alvo de exploração desde a chegada dos portugueses ao Brasil: hoje, resta dela apenas 12,4% da cobertura de vegetação original. E pode piorar. Na última semana, a Câmara aprovou a Medida Provisória que afrouxa ainda mais a proteção ao bioma – o texto ainda pode ser vetado pelo presidente Lula (PT). Para apresentar a importância da Mata Atlântica e o risco da aprovação da MP, Natuza Nery ouve Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da fundação SOS Mata Atlântica. Neste episódio: - Malu justifica por que a MP, que libera construção de obras de infraestrutura sem compensação, é “muito grave”, um “retrocesso” e uma “afronta” ao patrimônio nacional; - Diante de o contexto global de emergência climática, ela explica a importância da vegetação nativa se preservada. A mata age na umidade do ar, no lençol freático, no solo e nos rios, evita catástrofes como a que ocorreu em São Sebastião (SP) no início do ano e cumpre “uma função de reguladora do clima”; - A ambientalista aponta o risco de desertificação de outros biomas, caso a Mata Atlântica seja extinta – colocando em risco a segurança alimentar do país e gerando mais vítimas em eventos climáticos extremos. “Seria um suicídio geral”, afirma; - Por fim, ela comenta a repercussão internacional no caso de Lula não vetar o pacote contra o meio ambiente aprovado na Câmara: sofreria o agronegócio, o país perderia credibilidade e “todas as portas seriam fechadas”.

Carro mais barato para quem?

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A pandemia e, depois, a guerra da Ucrânia provocaram uma crise nas cadeias de produção global. Desde 2020, o preço dos carros no Brasil escalou para seu patamar mais alto – o que resultou no envelhecimento da frota nas ruas e na queda de vendas. Agora, de olho na classe média, o governo decidiu agir: nesta quinta-feira (25), o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, anunciou um programa de estímulos para o carro popular. É um pacote de desoneração de impostos que atende até veículos de R$ 120 mil. E que promete reduzir o preço de saída dos carros 0 km de quase R$ 70 mil para menos de R$ 60 mil. Sobre isso, Natuza Nery conversa com o jornalista André Paixão, editor da revista AutoEsporte, e com Carlos Góes, economista que faz PhD na Universidade da Califórnia e é fundador do Instituto Mercado Popular. Neste episódio: - André analisa a “extinção” dos carros populares no Brasil, um segmento que foi enorme no mercado automobilístico décadas atrás: “São carros que dão menos lucro para os fabricantes”; - O jornalista informa quais veículos devem ser barateados com a redução dos impostos – que seguirão três critérios: preço, emissão de poluentes e cadeia de produção. E lembra que, embora a questão ambiental tenha sido citada pelo governo, “o estímulo não contempla nenhum carro elétrico ou híbrido”; - Carlos explica que as pesquisas econômicas mais recentes apontam que uma “política industrial ótima deve incentivar os setores da base da cadeia produtiva e provêm insumos para os outros”. Ou seja, para ele, o anúncio do governo incentiva um setor que é “exatamente o contrário disso”; - Ele recorda que a política de desoneração fiscal para estímulos setoriais do governo Dilma Rousseff resultou na “maior recessão brasileira em 100 anos”. Para Carlos, tal política pode se justificar com investimentos específicos em pesquisa e desenvolvimento, mas “há risco daquela situação voltar a acontecer”.

Porte de drogas na pauta do STF

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A apreensão de 3 gramas de maconha em posse de um presidiário dentro do sistema prisional paulista avançou todas as instâncias da justiça brasileira e chegou à Suprema Corte como um caso de repercussão geral. Ou seja, esse julgamento – pautado para voltar ao plenário nesta semana, depois de 8 anos paralisado – irá decidir se o porte de drogas para uso pessoal é crime. Antes do pedido de vista, o placar registrava 3 a 0 a favor da liberação ao menos da maconha. Para entender o que está em jogo e as repercussões gerais na Justiça e no sistema prisional, Natuza Nery entrevista o criminalista Pierpaolo Bottini, professor de direito penal da USP e autor do livro “Porte de drogas para uso próprio e o STF”, e Cristiano Maronna, diretor do Justa, organização que analisa dados sobre financiamento e gestão do sistema de Justiça. Neste episódio: - Pierpaolo esclarece o mérito do voto dos três ministros que já apresentaram suas posições no Supremo. O argumento central, afirma, é o direito constitucional da “dignidade humana, ou seja, que não se pode criminalizar qualquer tipo de prática ou conduta que diga respeito apenas a mim mesmo”; - Ele avalia que, “dadas as características dos ministros que compõem a Corte”, deve-se chegar a uma maioria a favor da descriminalização. Pierpaolo afirma também que este julgamento é uma “oportunidade para traçar o limite objetivo entre uso e tráfico” para que a decisão tenha impacto significativo; - Cristiano relaciona a política de combate às drogas com o atual estágio de encarceramento em massa no Brasil - são aproximadamente 1 milhão de detentos, terceiro maior contingente do mundo. “A lei de drogas é o principal vetor encarcerador hoje e um exemplo de lei aplicada de forma disfuncional e com efeitos negativos”, afirma; - Ele também afirma que o Brasil é um dos últimos países que ainda criminalizam a posse de drogas (especificamente a maconha) para uso pessoal e “tem uma das piores políticas de drogas do mundo”. E que o STF tem agora a chance de “reduzir a insegurança que existe hoje na lei de drogas”.

CPI do MST - os objetivos do governo e da oposição

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Desde a posse de Lula (PT), a bancada da oposição no Congresso se articula para criar uma comissão parlamentar de inquérito contra o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). O ambiente político para isso se fortaleceu no mês passado: em abril - mês no qual o MST realiza ações para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás (PA), em 1996 – foram registradas ao menos 12 invasões, entre elas em terras do Incra e da Embrapa. Nesta terça-feira (23), a CPI foi aberta com os bolsonaristas Coronel Zucco (Republicanos-RS) e Ricardo Salles (PL-SP), respectivamente, na presidência e na relatoria da comissão. Para analisar impactos políticos e sociais da CPI, Natuza Nery conversa com Luiz Felipe Barbiéri, repórter do g1 em Brasília, e com o sociólogo Celso Rocha de Barros, colunista do jornal Folha de S. Paulo e autor do livro “PT, uma história”. Neste episódio: - Luiz Felipe conta como os deputados bolsonaristas se organizaram para abrir a CPI e “tirar a atenção da comissão sobre os atos golpistas de 8 de janeiro”, na qual muitos deles são alvo. E relata que os deputados governistas veem a CPI do MST como um “termômetro” para as investigações sobre os atos golpistas; - Ele descreve o “clima tenso” do primeiro dia da comissão: deputados bateram boca, tiveram microfone cortado e deram até tapas na mesa. Para os próximos passos, ele antecipa que ministros do governo serão convocados à comissão para “levar pra frente a narrativa bolsonarista”; - Celso corrobora a análise de que os deputados bolsonaristas irão instrumentalizar a CPI para “ganhar a visibilidade que não tinham conseguido até agora” - e que a oportunidade para debater a sério a reforma agrária no país será perdida. “Se os parlamentares conseguirem usar a CPI para se blindarem vai ser muito ruim”; - O sociólogo explica como PT e MST, que nasceram no mesmo período histórico e tinham forte aproximação ideológica, cultivaram a tensão entre si: “Na década de 90, o PT se modera e o MST se radicaliza mais”. Ainda assim, partido e movimento se mantiveram próximos, numa relação que afasta o agronegócio do governo petista. A única alternativa a Lula, afirma, “é apresentar políticas bem boladas para os dois setores”.

Vinícius Jr. e a reação contra o racismo na Espanha

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No último domingo (21), a partida entre Real Madrid e Valencia, pelo Campeonato Espanhol, foi o cenário do mais grave ataque racista contra o atacante brasileiro. Nos últimos minutos do jogo, Vini Jr. identificou os torcedores que iniciaram os gritos e cânticos criminosos, e exigiu alguma reação da arbitragem. No meio da confusão, trocou agressões com um adversário e foi expulso pelo árbitro - ele foi o único punido em campo. Para explicar por que Vini Jr. é o principal alvo de uma cruel campanha de ódio racial na Espanha e o que vem sendo feito para punir os criminosos, Natuza Nery conversa com dois jornalistas: Fernando Kallás, correspondente de esportes da Reuters na península ibérica, e Paulo Cesar Vasconcellos, comentarista da TV Globo e do Sportv. Neste episódio: - Kallás descreve as dez denúncias de racismo contra Vini Jr. abertas apenas nesta temporada do futebol espanhol – e como esses casos “foram arquivados e nunca foram julgados como delito de ódio”. Dentro do contexto esportivo, ele afirma que “nenhum clube sofreu nenhuma punição” pelos atos racistas de seus torcedores; - Ele relata que, pela primeira vez desde que a onda de ataques racistas começou, o atleta está “mais do que arrasado, está revoltado”. Além das ofensas, Vini Jr. precisa lidar com a inação da La Liga (organizadora do campeonato espanhol) e com o racismo velado da imprensa local. “Tudo isso começou em um programa de televisão, com racismo e xenofobia”; - PC Vasconcellos analisa "o silêncio e a omissão” de diversos atores sociais para que o racismo chegasse ao atual estágio no futebol espanhol. E destaca as “boas notícias” que resultam deste caso: o posicionamento do presidente brasileiro, o acordo de colaboração entre Brasil e Espanha contra o racismo e a xenofobia e o fato de “um jovem preto de 22 anos se manifestar e chamar a atenção do mundo”; - PC relaciona o crescimento no número de episódios de racismo ao “avanço da extrema direita pelo mundo”, e afirma que as punições “se mostram insuficientes para a situação ser modificada”. “A minha razão é de pessimismo, mas quando vejo um comportamento como o do Vinícius passo a ficar mais otimista”, conclui.

Mortalidade materna: como combater

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No momento mais agudo da pandemia, 70% das gestantes que morreram em decorrência da Covid eram brasileiras. E diante da sobrecarga do sistema de saúde, mulheres não puderam realizar exames adequados para a gestação. Assim, doenças como a pré-eclâmpsia, historicamente a principal causa da mortalidade materna, não tiveram o atendimento médico necessário. Na média, em todos os dias de 2021, 8 mulheres grávidas morreram – trata-se do maior número em mais de duas décadas. No Dia Mundial de Prevenção da Pré-eclâmpsia, Natuza Nery recebe Fatima Marinho, assessora técnica sênior da Vital Strategies, organização global de saúde pública, e a obstetra Maria Laura Costa Nascimento, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Neste episódio: - Fatima fala do “grande retrocesso dos últimos anos”, quando o movimento de queda nos índices de mortalidade materna foi revertido: com o “aumento de casos durante a pandemia”, o número de mortes voltou ao patamar de 1990 – apenas entre 2019 e 2021, os óbitos saltaram de aproximadamente 1.500 para mais de 3 mil; - Fatima também avalia os dados de mortalidade por estado. “Chama atenção o crescimento no Sul, onde havia a menor razão de mortes maternas”, informa – e a principal hipótese para isso é a recusa da vacina contra a Covid. Por outro lado, Pernambuco registrou o melhor resultado; - Laura conta por que a pré-eclâmpsia é a principal causa de mortes maternas no Brasil, embora “evitável em 99% dos casos”. Trata-se de uma síndrome que ataca a pressão arterial e altera órgãos como rins, fígado, cérebro e placenta; - A obstetra detalha o tratamento para a síndrome e como os médicos agem para preparar mãe e bebê para um parto prematuro mais seguro. “Mesmo depois do parto, as mulheres precisam de acompanhamento clínico”, completa.

A crise que faz o varejo fechar lojas

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Logo no início do ano, uma das gigantes do setor no Brasil divulgou inconsistências contábeis na casa dos R$ 40 bilhões. A Americanas, então, entrou com pedido de recuperação judicial e suas ações derreteram na bolsa de valores. Diante de um cenário de queda nas vendas do comércio, mais empresas de varejo passaram a apresentar resultados ruins, seguidos de prejuízo nos balanços e fechamento de lojas – num setor que emprega mais de 8 milhões de pessoas e depende do consumo das famílias, cada vez mais endividadas. Para esclarecer as causas e consequências desta crise, Natuza Nery entrevista Guilherme Mercês, diretor de economia e inovação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Neste episódio: - Guilherme elenca fatores que levaram empresas e famílias a se endividar na pandemia e como o elas “levaram um grande baque com a taxa de juros, que subiu muito”. O resultado é que, hoje, 80% das famílias estão endividadas e uma a cada cinco delas gasta mais da metade da renda para pagar dívidas; - Ele explica como o contexto macroeconômico colaborou para o colapso da Americanas – na esteira dela, outras empresas também pediram recuperação judicial e até falência. “Isso agravou ainda mais o cenário e, obviamente, o custo do crédito sobe”; - O economista também observa a crise em escala internacional durante a intersecção da pandemia com a guerra na Ucrânia: assim como o Brasil, nas economias desenvolvidas houve aumento de juros e alta do endividamento. “Foi todo mundo surpreendido”, afirma, “e um exemplo disso são as big tech, que estão demitindo funcionários no mundo todo”; - Por fim, Guilherme comenta o atual momento de “transformação tecnológica”. Para ele, depois de superar o contexto “turbulento que deve durar até 2026”, as empresas precisam investir na “revolução tecnológica” no médio e longo prazo.

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