🇧🇷 Brazil Episodes

1659 episodes from Brazil

Urna eletrônica e o teste de integridade

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A Câmara rejeitou e arquivou a discussão sobre o voto impresso – eram precisos 308 votos, mas a proposta teve apoio de 229 deputados. Mesmo após a derrota, o presidente Bolsonaro insistiu na ideia de que as eleições de 2022 não serão confiáveis, questionando o sistema da urna eletrônica. Agora, ministros do TSE, do STF e líderes do Congresso procuram convergir para uma solução que não mude em nada o modelo eleitoral, mas que responda à onda de desconfiança. Neste episódio Natuza Nery, conversa com Julia Duailibi, colunista do G1 e jornalista da GloboNews. Julia conta como está sendo costurada nos bastidores uma proposta para aumentar a amostragem do teste de integridade da urna eletrônica, medida que seria acompanhada de comissões de fiscalização maiores e mais prazo para a análise do código fonte. “É uma resposta para dar atenção às queixas", explica Julia. A medida "só aumenta a transparência e mostra o quão seguro é”, afirma. Mas não deve ser suficiente. “Para Bolsonaro, tanto faz. A discussão serve a seus propósitos políticos”. Participa também Vitor Marchetti, cientista político e professor de políticas públicas da UFABC. Ele explica como é realizado o teste de confiabilidade das urnas e detalha o processo de auditoria dos votos.

Bolsonaro e as Forças Armadas

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"Fraqueza travestida de força." É assim que Raul Jungmann, ex-deputado e ex-ministro da Defesa, classifica o desfile militar de terça-feira em Brasília. Convidado de Natuza Nery neste episódio, Jungmann detalha como Jair Bolsonaro "busca criar a ilusão de ter as Forças Armadas ao seu lado". Para ele, o presidente faz uso "inadequado e equivocado" das forças militares e tenta provocar tumulto ao constranger o Congresso. O desfile patrocinado pelo presidente aconteceu hora antes de a Câmara votar a PEC do voto impresso – proposta que foi rejeitada e arquivada, em uma derrota para o presidente. Jungmann narra ainda o movimento, dentro do Planalto, de tentar desmobilizar o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Oliveira. Ele chama atenção para a hipótese de Bolsonaro incitar distúrbios caso seja derrotado nas urnas em 2022. "Estaremos diante de um impasse constitucional", conclui.

Brasil: peça-chave contra mudanças climáticas

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A conclusão do relatório da ONU sobre o clima não é nada animadora: até metade do século a temperatura do planeta irá aumentar, independentemente das medidas adotadas por países. E as consequências já não são mais para o futuro, mas, sim, para o presente – entre elas, derretimento recorde de geleiras, secas prolongadas e enchentes. “O Brasil tem que se preocupar com os impactos disso, que estarão bem distribuídos em todo o território nacional”, diz Mercedes Bustamante, professora do Departamento de Ecologia da UnB, que atua no Painel Intergovernamental de sobre Mudanças Climáticas, o IPCC. Em entrevista a Natuza Nery, Mercedes alerta sobre o risco de vermos triplicar os efeitos de eventos climáticos extremos a cada 0,5 °C a mais na atmosfera terrestre. Fala também das consequências diretas ao país, aumentando a vulnerabilidade social e comprometendo o crescimento econômico, sobretudo ao limitar a capacidade do agronegócio. “Precisamos retomar a econômica com os olhos para o século 21, não mirando o retrovisor”. Responsável por 4% a 5% das emissões globais de gases de efeito estufa, o Brasil está na “contramão do mundo”, explica Raoni Rajão, professor da UFMG e coordenador do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais. A lista de razões é ampla: investimento em energia baseada em combustíveis fósseis, agronegócio mais poluente e, principalmente, a crescente destruição das florestas. “Plantar árvore é a melhor tecnologia para ajudar o planeta”, conclui.

A vida depois da medalha

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O Brasil sai de Tóquio com um número recorde de pódios: 7 ouros, 6 pratas e 8 bronzes. Um resultado para comemorar, mas qual a perspectiva para o futuro? Os investimentos que marcaram o ciclo da Rio-2016 arrefeceram para esta edição. E a perspectiva é ainda pior para Paris-2024. A extinção do Ministério do Esporte, em 2019, ainda não fez "grande estrago”, avalia Ana Moser, ex-jogadora de vôlei e atual diretora da ONG Atletas pelo Brasil. A medalhista que trouxe o então bronze inédito em Atlanta-1996 fala sobre a perda de talentos brasileiros e a necessidade de ampliar a base de acesso ao esporte para crianças e adolescentes. “Não dá pra construir uma nação esportiva pensando apenas na ponta. Enquanto não melhorar a base, não teremos resultado”, conclui. Também em entrevista a Natuza Nery, Katia Rubio, jornalista, psicóloga e autora de livros sobre atletas olímpicos brasileiros, analisa o desempenho do Time Brasil no Japão, a alta na politização dos atletas e fala sobre a perspectiva para o futuro: “Se nada mudar, este resultado é insustentável”, diz.

A delta vai adiar o fim da pandemia?

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Uma onda de otimismo tomou países com altas taxas de vacinação. Alguns chegaram a realizar o “dia da liberdade”, com o fim de restrições e uso de máscara em ambientes fechados. Mas a situação mudou com o aumento expressivo no número de novos casos de Covid nas últimas semanas - resultado da alta transmissibilidade de variante delta. Neste episódio, Natuza Nery ouve dois infectologistas: Esper Kallás e Marcelo Otsuka. Coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Otsuka explica por que, diante desta variante que é tão infecciosa quanto a catapora, será preciso ampliar ainda mais a vacinação em massa. Para Kallás, infectologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, há dois sinais amarelos para a continuidade do atual modelo de cobertura vacinal. A primeira é a “desigualdade intensa” na distribuição global de doses – 75% estão apenas em mãos de dez países. E a segunda é a necessidade de produzir uma segunda, e mais eficiente, forma de imunidade, com foco na mucosa do sistema respiratório.

Assédio sexual: a pressão contra o governador de NY

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Andrew Cuomo viu sua popularidade ir às alturas por causa das ações de combate à pandemia, até que ainda no fim de 2020 surgiu contra ele a primeira denúncia de assédio sexual. Agora, o democrata é pressionado para renunciar, depois de um relatório mostrar evidências de que ele assediou 11 mulheres. Neste episódio, Natuza Nery conversa com duas convidadas: Candice Carvalho, jornalista da Globo em NY, e Marina Ganzarolli, advogada responsável pelo movimento 'Me too Brasil' e fundadora da rede feminista de juristas. Marina define como o consentimento é que determina se há assédio ou não. Ela analisa como muitos assediadores "usam o poder para intimidar" as vítimas e como, a exemplo de Andrew Cuomo, têm redes de proteção e círculos de contatos que dificultam as denúncias. "Existe um pacto de silêncio e de silenciamento das vítimas", diz. Candice relata as evidências contra Cuomo e como a popularidade dele ruiu. Ela fala ainda sobre os próximos passos da investigação, do processo de impeachment contra o democrata e como, sem apoio político e popular, a situação dele fica cada vez mais insustentável.

Bolsonaro enquadrado pelo TSE

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Às vésperas da eleição que lhe daria a Presidência, Bolsonaro já questionava o sistema eleitoral - o mesmo que o elegeu deputado federal sete vezes. Como presidente, seguiu a ofensiva, sobretudo contra a urna eletrônica. “Nunca houve uma prática tão serial de ataques às instituições”, diz Conrado Hubner Mendes, professor de Direito Constitucional da USP e doutor em Ciência Política. Em conversa com Natuza Nery, Conrado analisa a atuação “omissa” do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, como peça chave para a estratégia bolsonarista de manter seu eleitorado coeso. “Ele já cruzou todas as linhas possíveis. Bolsonaro está em um jogo de tudo ou nada e qualquer concessão o prejudicará em 2022”. A crise institucional chegou ao ápice na live presidencial da última quinta-feira, quando Bolsonaro reforçou o discurso de fraude eleitoral e, novamente, ameaçou não haver eleições sem voto impresso. Contudo, pela primeira vez, houve reação para além das notas de repúdio: o TSE aprovou, por unanimidade, a abertura de inquérito contra o presidente.

Mãe solo: a realidade no Brasil

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A trajetória da ginasta Rebeca Andrade, que fez história em Tóquio, expôs a realidade de 11,5 milhões de mulheres brasileiras. Como Dona Rosa, responsável por Rebeca, são elas que provêm tudo aos filhos, sozinhas. E mais da metade delas está abaixo da linha da pobreza. Neste episódio, Natuza Nery recebe duas convidadas: a demógrafa Suzana Cavenaghi e a socióloga Hayeska Costa. Suzana, que integra a comissão consultiva do Censo, retrata que essas mulheres "estão espalhadas por todo o país". Suzana aponta ainda como, apesar de as mulheres terem avançado no mercado de trabalho, a responsabilidade em torno dos filhos "continua sobre os ombros" das mães. Já Hayeska detalha como "ser mãe solo não tem a ver com o estado civil", mas sim com a relação de sobrecarga financeira e psicológica em torno dessas mulheres. "Elas são as principais cuidadoras da sociedade", conclui, ao constatar também como elas foram as principais afetadas pela pandemia.

Fogo na Cinemateca: memória destruída

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“Todo mundo sabia que ia acontecer. E aconteceu", diz o diretor Cacá Diegues sobre a crônica de negligência e asfixia de recursos que culminou no incêndio do galpão na Vila Leopoldina, em São Paulo. Os documentos armazenados ali, cerca de um milhão, não dizem respeito apenas ao trabalho de artistas de renome, lembra Cacá, integrante da Academia Brasileira de Letras. São décadas e décadas de produção audiovisual, muitas vezes de anônimos, a contar a história do país. O descaso vem de longe, mas o desejo de extermínio é recente, diferencia Cacá: “Não é que o atual governo não se interesse pelo cinema. Ele é contra o cinema, contra a cultura”. No fundo, “o governo brasileiro não quer que o Brasil exista”. Na conversa com Renata Lo Prete, o diretor reflete sobre o significado retrospectivo de seu “Bye Bye Brasil”. O filme, que no ano 1 da pandemia completou quatro décadas, aborda temas para lá de atuais, como destruição ambiental e aniquilação de povos indígenas. A despeito das dificuldades, Cacá continua a criar. E acredita que ninguém conseguirá matar o cinema brasileiro. Sem ele, “você corta a possibilidade de o país se organizar e ser alguma coisa".

Endividamento recorde do brasileiro

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Em abril, o comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas atingiu inéditos 58,5%. Em muitos casos, elas foram contraídas não para a aquisição de bens, mas simplesmente para dar conta de despesas básicas. Um drama alimentado por fatores como o avanço da inflação e o elevado desemprego, explica Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele analisa o papel do auxílio emergencial (primeiro suspenso e depois reduzido pelo governo) nesse quadro. Fala ainda do complicador representado pelo fato de que o país teve duas retrações em curto período (a de 2015-2016 e a do ano passado). E prevê dificuldade extra para a superação do endividamento, por causa da trajetória de alta dos juros. Participa também Myrian Lund, professora de Finanças da FGV. É ela quem dá dicas para quem se encontra numa bola de neve. “Sempre tem solução", que, segundo ela, passa por “estruturar a situação e só daí renegociar" com o banco. Ela sugere ainda planejar receitas e despesas a longo prazo e evitar o crédito consignado. "Por ter taxa mais baixa, você pega mais. Quando vê, está com a vida comprometida".

Simone Biles: saúde mental primeiro

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A maior ginasta de todos os tempos chegou a Tóquio sob pressão para ampliar seus feitos. Ao decidir ficar fora de pelo menos duas competições para cuidar de si e recuperar a autoconfiança, ela abriu uma discussão planetária que não se restringe ao esporte. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe dois convidados: Marcos Uchoa e Vera Iaconelli. Repórter da Globo que cobre Olimpíadas há mais de três décadas, ele começa por explicar o fenômeno Biles: "o que ela faz, ninguém mais é capaz de fazer". Ele descreve o estresse a que são submetidos desde muito cedo os atletas de alta performance, especialmente na ginástica. “Há uma deformação da infância e da adolescência", diz. Vera, doutora em psicologia pela USP e diretora do Instituto Gerar de Psicanálise, analisa o caso Biles sob o aspecto da “relação com os nossos desejos". Ela questiona a caracterização do gesto da campeã como “um problema”, e pondera: “Saúde mental é poder dizer não a certas coisas que não são aceitáveis. E não tentar loucamente se adaptar a elas".

Brasil, potência no surfe e no skate

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Italo Ferreira, Rayssa Leal, Kelvin Hoefler: três medalhistas na estreia dessas duas modalidades em Olimpíadas. Não é exagero comparar seus feitos “aos de nomes como Messi e Neymar”, diz o jornalista Paulo Lima. E tampouco se trata apenas de um “bom momento” dos esportes de prancha no país, mas sim de uma construção de décadas, que envolveu talento e esforço de muita gente. Para entender essa trajetória, Renata Lo Prete conversa com o criador da revista Trip e da editora de mesmo nome. “O prazer de deslizar, assim como o de voar, é atávico”, lembra Paulo, ao resgatar a origem do encantamento. O skate nasceu do surfe, e desde então eles se retroalimentam. Nas manobras mais ousadas de atletas como Italo Ferreira e Gabriel Medina, Paulo identifica movimentos originalmente vistos nas rampas e nas pistas. Ele descreve as origens e analisa os fatores que ajudaram a disseminar surfe e skate para além do eixo Rio-São Paulo. Especialmente no caso do surfe, segundo ele, não tem pra mais ninguém: “Hoje o Brasil lidera no mundo, em todas as frentes".

A pandemia dos não-vacinados

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Depois de um 2020 trágico, os Estados Unidos entraram em rota de superação do coronavírus graças, sobretudo, ao maior estoque de doses de vacina do planeta. Assim imunizaram quase metade da população, mas a partir daí a campanha começou a ratear, e a variante delta, a ganhar terreno. Hoje, casos, hospitalizações e óbitos estão de novo em alta no país. E governadores e prefeitos de diversas localidades se inclinam por duas medidas que prometem gerar resistências: restabelecer o uso obrigatório de máscaras e exigir imunização de servidores públicos. Neste episódio, o correspondente da Globo Tiago Eltz descreve a disparidade de cobertura vacinal entre os Estados americanos e o papel do movimento antivacina na construção dessa realidade ameaçadora. Participa também a epidemiologista Fátima Marinho, da organização Vital Strategies. Ela resgata as origens do movimento, apontando onde mais ele é forte no mundo. E, para mostrar o contraste, analisa dois casos de imunização homogênea e com bons resultados na América do Sul: Chile e Uruguai.

Militares de novo no poder: as origens

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Primeiro, eles saíram dos quartéis para o front internacional em missões de grande visibilidade, notadamente a do Haiti. Depois, foram chamados a atuar em segurança pública interna, numa escalada de operações que culminou com a intervenção de 2018 no Rio de Janeiro. Logo depois da eleição de Jair Bolsonaro, o então comandante do Exército, Eduardo Villas-Bôas, qualificou como “volta à normalidade” a atuação de quadros das Forças Armadas em áreas de natureza civil da administração federal -hoje em patamar sem precedentes. “Este é um governo de militares", observa Natalia Viana, diretora-executiva da Agência Pública e autora do recém-lançado “Dano Colateral”. No momento em que eles disputam terreno com políticos do Centrão - e recebem a conta do desempenho desastroso na pandemia-, a jornalista resgata o capítulo inaugural dessa história. Mostra, com apuração minuciosa, a opacidade de informações e a impunidade de atos cometidos, em especial no Rio. E constata que “a democracia já está rota” quando um general (Braga Netto, ministro da Defesa) se sente à vontade para ameaçar ninguém menos do que o presidente da Câmara com a ruptura do calendário eleitoral. “Eles entraram na política e não pretendem se retirar”.

Espionagem via celular: o caso Pegasus

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Mensagens, fotos, e-mails, localização. Todo e qualquer conteúdo do aparelho que se tornou um prolongamento do corpo humano capturado por um software - capaz, ainda, de gravar e transmitir o material. E sem que o usuário desconfie de nada. A revelação, feita por um consórcio de veículos de imprensa, de que países como México, Arábia Saudita e Hungria teriam comprado o produto desenvolvido pela empresa israelense NSO para monitorar alvos comerciais e políticos disparou alarme geral. “Mais do que um software, o Pegasus é uma arma de guerra”, explica o professor Sergio Amadeu, ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. Ao utilizá-lo, "governos, a partir de suas estruturas de inteligência, atuam nas sombras”, num mercado em que “as fronteiras entre legal e ilegal foram borradas". Ele defende um esforço multilateral de regulação e, de imediato, moratória no uso desse tipo de ferramenta. De Nova York, o correspondente da Globo Ismar Madeira faz um relato das reações dos países na berlinda e também dos potenciais atingidos - entre eles ativistas, advogados de direitos humanos, jornalistas e até chefes de governo, como o presidente francês, Emmanuel Macron.

Com Bolsonaro, Centrão chega ao topo

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Acuado por revelações da CPI da Covid e mais de uma centena de pedidos de impeachment, o presidente resolveu promover uma dança de cadeiras que levará o senador Ciro Nogueira (PP-PI) à chefia da Casa Civil. Para esse aglomerado de partidos essencialmente fisiológicos, que apoiaram todos os governos em troca de cargos e manejo de verbas do Orçamento, não se trata de um avanço qualquer. “A Casa Civil está no topo da cadeia alimentar dos ministérios", observa Natuza Nery em conversa com Renata Lo Prete no episódio de número 500 do podcast. Ao entregar tamanha fatia de poder a um dos expoentes do Centrão, Bolsonaro espera, além de chegar até o fim do mandato, pavimentar terreno para a disputa da reeleição. Nesse contexto, explica a colunista do G1 e comentarista da GloboNews, ele tanto pode se filiar ao PP quanto pescar um vice nos quadros da sigla. Renata e Natuza analisam ainda movimentos secundários da sacudida no primeiro escalão. O esperado deslocamento do general da reserva Luís Eduardo Ramos da Casa Civil para a Secretaria Geral da Presidência indica perda de terreno dos militares na disputa com o Centrão. Assim como a recriação da pasta do Trabalho, desmembrada da Economia, para dar abrigo a Onyx Lorenzoni é mais uma etapa do longo processo de desidratação de Paulo Guedes.

Congresso: Fundão e muito mais

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Com Jair Bolsonaro mais dependente de sua base parlamentar a cada revelação da CPI da Covid, deputados e senadores vão cuidando dos próprios interesses, sem maior preocupação com o pensamento ou as demandas da sociedade. Antes de saírem em férias, triplicaram o valor do fundo público que financia eleições, no que bem pode ser um “bode na sala”, explica Paulo Celso Pereira, editor-executivo do jornal O Globo. Diante da péssima repercussão, tudo caminha para um “acordo” que reduziria os quase R$ 6 bi para algo como R$ 4 bi - patamar que mantém as campanhas brasileiras entre as mais caras do mundo. Na conversa com Renata Lo Prete, Paulo Celso fala também de outras movimentações na mesma linha, previstas para a volta do recesso, em agosto. Uma delas pretende reduzir drasticamente a obrigação de prestar contas, criando uma espécie de “salvo-conduto para os gastos do Fundo Partidário" e terceirizando sua análise para auditorias privadas. Para completar, há a proposta de adoção de um regime semipresidencialista, que limitaria os poderes do chefe do Executivo, aumentando ainda mais os do Congresso. Ao abraçá-la, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), “quer esvaziar a pressão em torno dos mais de cem pedidos de impeachment de Bolsonaro". Como lembra Paulo Celso, falta apenas combinar com o eleitor, que já rejeitou o parlamentarismo (do qual o semipresidencialismo é a forma envergonhada) duas vezes em plebiscitos.

Olimpíadas de Tóquio: a hora chegou

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Elas já foram marcadas pela ascensão (e pela contestação) do nazismo. Pela Guerra Fria e pela emergência da China, entre outros movimentos históricos. Desta vez, a ideia era que refletissem diversidade e o esforço de reconstrução do Japão pós-desastre nuclear de Fukushima (2011). Mas o coronavírus atropelou tudo. Os Jogos que se iniciam agora, um ano depois da data original, são essencialmente sobre a pandemia. Com infecções pelo coronavírus em alta e vacinação incipiente, Tóquio nem de longe lembra as sedes anteriores. “Existe uma indiferença grande", relata o correspondente Carlos Gil. Para contenção do contágio, nem público local haverá nos eventos, cujo protocolo sanitário atingirá até as cerimônias de premiação. “Pela primeira vez, é o atleta que vai colocar a medalha no próprio peito", diz Gil. Mas o jornalista pondera: o esforço de se preparar em circunstâncias tão adversas faz dos participantes deste ano tão ou mais merecedores de aplauso do que seus antecessores. Gil ainda destaca quem serão as potenciais estrelas destas Olimpíadas e faz prognósticos sobre a participação brasileira.

Violência contra a mulher: um alerta

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A cada minuto de 2020, o Brasil registrou uma denúncia de agressão dentro de casa. E, a cada dia, mais de 600 vítimas foram à delegacia denunciar - como fez recentemente a mulher do DJ Ivis, depois de divulgar um vídeo com imagens que chocaram o país. Uma realidade agravada por duas circunstâncias da pandemia: mais tempo de exposição ao agressor sob o mesmo teto e menos autonomia financeira. Neste episódio, a repórter da Globo Bruna Vieira compartilha as descobertas que fez ao acompanhar as histórias de algumas dessas mulheres: cerceamento muitas vezes travestido de “amor e cuidado”, desrespeito verbal que evolui para ataques físicos, medo das consequências de relatar à polícia. Mesmo depois da concessão de medida protetiva pela Justiça, uma das entrevistadas por Bruna teve que enfrentar um mês de terror até que o marido saísse de casa. Renata Lo Prete conversa também com a socióloga Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ela destaca a importância de combater a vulnerabilidade socioeconômica das vítimas, como forma de romper o ciclo de violência.

Amazônia emite mais CO2 do que absorve

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O fenômeno, em estágio avançado na região sudeste da floresta, foi detectado em estudo que ganhou destaque na revista científica “Nature”. Resultado de desmatamento e outras formas de degradação, ele compromete a capacidade do bioma para exercer uma de suas funções essenciais no planeta: funcionar como filtro do dióxido de carbono, principal vilão do efeito estufa. Neste episódio, dois convidados enxergam o Brasil “na contramão do mundo”. Um deles é Paulo Artaxo, professor da USP e integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. Segundo o físico, trata-se de “um tiro no pé” porque, nessa batida, até o agronegócio terá dificuldades para se sustentar, por escassez de chuvas. Ele discute qual seria o ponto de não-retorno da destruição da Amazônia, e recomenda “não testar esse precipício”. Também entrevistado por Renata Lo Prete, o jornalista Jorge Caldeira analisa o cerco internacional que se fecha. “Se o Brasil não se mexer depressa, será punido”, diz ele, comentando editorial do jornal britânico “Financial Times” que conclama investidores a reduzir suas posições no país. “Vai virar uma espécie de Irã, com embargos por questões ambientais”. Apesar desse diagnóstico, Caldeira enxerga avanços à margem da política oficial, especialmente na área de energia. “Somos o país que mais tem a ganhar com a economia de carbono neutro”, diz o autor do livro “Brasil: Paraíso Restaurável”.

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