🇧🇷 Brazil Episodes

1659 episodes from Brazil

Malária: por que a vacina é um evento histórico

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Uma das doenças infecciosas mais antigas do mundo, que ainda atinge 200 milhões de pessoas por ano. E que colhe a ampla maioria de suas vítimas num continente e numa faixa etária: das cerca de 400 mil mortes anuais, 94% acontecem na África, onde há "hospitais carregados de crianças com quadros graves de malária", relata Carolina Batista, integrante da organização Médicos sem Fronteiras. Elas respondem por dois terços dos óbitos. Convidada de Renata Lo Prete neste episódio, Carolina conta o que viu participando de missões na região entre 2007 e 2018. Ela descreve barreiras geográficas, financeiras e culturais para cuidar dos pacientes e narra em detalhes a história de uma menina que conseguiu salvar por um triz. Participa também o infectologista Marcus Lacerda, doutor em medicina tropical e pesquisador da Fiocruz Amazônia. Ele lembra que “a imunologia praticamente começou com o estudo da malária”. As décadas que se passaram até a recomendação de uma vacina pela Organização Mundial da Saúde dão testemunho da dificuldade em desenvolver um imunizante contra o parasita causador. Apesar da eficácia relativamente baixa do produto aprovado, Marcus não tem dúvida de que se trata de uma virada de jogo: de saída, será possível "evitar 30% de mortes” num universo de 260 mil crianças africanas a cada ano. Marcus fala ainda do Brasil, que não se beneficiará neste momento, porque seus casos são majoritariamente de outro tipo, menos agressivo. O especialista conta o que o país fez para reduzir a transmissão e tratar os infectados, obtendo queda consistente no número de casos e de óbitos ao longo do tempo.

PSL+DEM e outras costuras para 2022

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“O DEM entra com a experiência, e o PSL, com os recursos”. Assim o repórter da Globo Nilson Klava resume a fusão, agora formalizada, dos dois partidos. Neste episódio, ele faz o balanço dos dotes de cada um - em fundos e tempo de TV - e narra cenas do casamento que deu origem ao União Brasil, de saída dono da maior bancada da Câmara. Desse ponto, Renata Lo Prete parte para uma conversa com Fabio Zambeli, analista-chefe da plataforma Jota, sobre o significado desse e de outros movimentos de acumulação de forças a um ano das próximas eleições. Ele mostra como o DEM, sigla tradicional porém declinante da centro-direita, vinha se ressentindo dos avanços do concorrente PSD, de Gilberto Kassab. E como o PSL, que passou de nanico a grande em 2018, teve que se virar depois de “perder a alavanca” representada por Jair Bolsonaro. O jornalista acrescenta ao quadro o PP, “Centrão raiz”, do presidente da Câmara, Arthur Lira, e lembra que o jogo que se trava no momento é principalmente parlamentar: “Ser o partido de maior peso no Congresso equivale a mandar nos rumos do país talvez até mais do que o presidente eleito". Seja ele qual for, acrescenta.

Guedes e Campos Neto nos papéis de Pandora

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O ministro da Economia e o presidente do Banco Central figuram como donos de empresas offshore numa coleção de quase 12 milhões de documentos, relativos a mais de 300 personagens de 91 países, trazida à luz pela investigação jornalística internacional Pandora Papers. A prática é legal, desde que informada à Receita, mas suscita todo um debate sobre conflito de interesses quando se trata das duas principais autoridades econômicas do país. Agora, ambos foram chamados a prestar esclarecimentos a comissões do Congresso. Campos Neto encerrou as atividades de sua empresa 15 meses depois de entrar no governo. Mas a de Guedes - ministro que, além de tudo, conduz uma proposta de reforma do Imposto de Renda - permanece aberta, e atualmente abriga o equivalente a R$ 51 milhões. “Em 28 de setembro de 2021, ele ainda aparecia como controlador”, pontua Carlos Andreazza. Na conversa com Renata Lo Prete, o colunista do jornal O Globo e apresentador da rádio CBN chega ao seguinte resumo: “A rigor, o patrimônio fora do Brasil protege Guedes do governo do qual faz parte”. Participa também do episódio Tathiane Piscitelli, professora de direito tributário e finanças públicas da FGV, para explicar o que diz a legislação brasileira sobre abertura e manutenção de empresas em paraísos fiscais. E como as restrições são maiores para agentes públicos, submetidos ao Código de Conduta da Alta Administração Federal. Tathiane analisa também o crescente movimento global por maior transparência e justiça fiscal, ilustrado pelas revelações em série desse consórcio de jornalistas.

O apagão do WhatsApp

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Foram mais de 6 horas sem três das maiores redes sociais do planeta, todas pertencentes ao império de Mark Zuckerberg. As consequências atingiram bilhões de usuários -interrompendo comunicações, comprometendo a execução de tarefas cotidianas e causando muitos prejuízos. No caso do próprio Facebook, o tombo no valor de mercado foi de US$ 6 bilhões em um único dia. Para dimensionar, discutir hipóteses de causa e extrair lições do que aconteceu, Renata Lo Prete recebe Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro. “Um apagão de larga escala", ele explica, no qual o “mapa da internet" parou de funcionar para o Facebook e todos os serviços do grupo, incluindo Instagram e WhatsApp (este último, de longe o aplicativo de troca de mensagens mais usado no Brasil). Ele também descreve o funcionamento das “fazendas de servidor", galpões gigantes onde ficam computadores armazenadores de dados. E analisa o impacto desse tipo de evento sobre uma sociedade que, cada vez mais, "constrói formas de trabalhar e viver que dão como certo o fato de você sempre ter acesso à internet", que ele chama de "a nova eletricidade".

CLIMA: onde estamos 6 anos depois de Paris

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O histórico acordo de 2015, firmado entre mais de 190 países, pretendia reduzir as emissões de gases do efeito estufa a um patamar capaz de conter o aumento da temperatura do planeta. Não aconteceu. Nem mesmo a recessão pandêmica derrubou as emissões na proporção necessária. Agora, em meio a eventos extremos como a seca que aflige vários Estados brasileiros, e sob pressão global de ativistas, uma nova cúpula do clima patrocinada pelas Nações Unidas pretende atualizar compromissos e lançar “um alerta vermelho para a humanidade”, nas palavras do secretário-geral Antonio Guterres. No episódio introdutório de uma série especial a ser publicada todas as segundas-feiras até a COP-26 -- que tem início marcado para 31 de outubro em Glasgow, na Escócia -- Renata Lo Prete recebe Carlos Nobre, presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP. A conversa é para entender a ciência que pauta o debate público sobre o tema, e Nobre não poderia ser mais claro. Ele mostra a velocidade sem precedentes da escalada da temperatura na Terra. Explica a diferença entre conseguir limitar a alta a 1,5 grau Celsius até 2100 (como queriam os signatários do Acordo de Paris) ou deixá-la subir 3 graus. Dá exemplos de adaptações, como agricultura regenerativa, que precisarão ser feitas mesmo no cenário menos catastrófico -- porque parte das mudanças climáticas já está contratada. E é assertivo ao enunciar a consequência maior de subestimar a emergência: “As novas gerações vão viver num mundo muito mais perigoso”, diz. “Num outro planeta, muito pior, em todos os sentidos, para a vida humana e para as outras espécies.”

Botijão de gás a R$ 100

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Os preços dos combustíveis são uma questão global - agravada, no Brasil, por um dado básico da equação macroeconômica: câmbio. O real está entre as moedas que mais se desvalorizaram na pandemia. Também a inflação aqui bate forte - puxada, no momento, justamente pelos combustíveis. Assim, o item usado por 90% das famílias para cozinhar está custando, em média, R$ 93, e consumindo 10% do salário-mínimo em 16 Estados. Entre os mais pobres, passou a ser substituído por lenha e outros produtos tóxicos. Nesta semana, quase ao mesmo tempo, a Câmara e a Petrobras ensaiaram resposta a esse quadro de risco social. Os deputados aprovaram uma espécie de “vale-gás” - ainda a ser examinado pelo Senado. E a estatal anunciou que vai subsidiar o botijão para consumidores de baixa renda. Neste episódio, o repórter Raphael di Cunto, do jornal Valor Econômico, explica a ciranda de pressões políticas por trás dessas duas medidas. Pressionada pelo presidente Bolsonaro, principalmente por causa dos preços da gasolina e do diesel, a Petrobras correu para sinalizar algum alívio no gás de cozinha tão logo saiu a decisão da Câmara. Renata Lo Prete conversa também com o economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, que defende uma “tarifa social” mais duradoura, como existe no setor elétrico”, para enfrentar o problema. “Muitas pessoas não têm noção do que famílias passam para cozinhar" o mínimo.

Escândalo Prevent: a hora da ANS

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A sequência estarrecedora de revelações deixa no ar a pergunta: como foi possível a operadora ir tão longe no desrespeito à vida de seus clientes e na prestação de serviços ao Palácio do Planalto? Parte da resposta está nas revelações da CPI da Covid, atualizadas neste episódio por Octavio Guedes, colunista do G1 e comentarista da GloboNews. Ele destaca a convicção da Prevent Senior -relatada no depoimento da advogada de médicos da empresa - de que jamais seria incomodada por órgãos de fiscalização, dado seu relacionamento estreito com o “gabinete paralelo” de assessoramento do presidente na pandemia. Com as costas quentes, a Prevent se sentiu à vontade para conduzir um “campo de experimentos anticientíficos”, diz Guedes. Outro depoimento, o do empresário Luciano Hang, desnudou o empenho dos governistas em boicotar qualquer tipo de lockdown em nome de “salvar a economia”. “Mas nunca foi a economia”, lembra Guedes. “Sempre foi a reeleição de Bolsonaro”. A segunda parte da resposta Renata Lo Prete foi buscar em entrevista com o advogado Matheus Falcão, pesquisador do Núcleo de Direito Sanitário da USP e assessor jurídico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Ele mostra como funciona a Agência Nacional de Saúde Suplementar, órgão regulador que apenas nesta semana, quando a pilha de denúncias graves já transbordava, emitiu a primeira autuação contra a Prevent. A ANS, explica Falcão, tem corpo técnico qualificado, formado por servidores públicos concursados, mas suas decisões finais ficam a cargo de uma diretoria composta por cinco indicados pela Presidência da República. Ele fala também do Conselho Federal de Medicina, que até aqui fez cara de paisagem diante das pressões para que profissionais da Prevent empurrassem aos pacientes remédios ineficazes contra a doença. Matheus conclui como esta situação "chegou ao limite" e demanda ação do Estado.

Explosão dos despejos, agora suspensos

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De um lado, perda de emprego e renda. Do outro, alta do aluguel -mais de 30% em 12 meses. Resultado: crescimento exponencial do contingente de famílias removidas de suas casas ou vivendo sob essa ameaça. Pessoas que precisam escolher entre "pagar o aluguel ou colocar comida na mesa", conta o repórter da TV Globo Giba Bergamin, que acompanha de perto movimentos por moradia há quase duas décadas. Ele narra como, na esteira desse drama agravado pela pandemia, uma ocupação na Zona Leste de São Paulo saltou de 200 famílias em julho para 800 agora. Participa também deste episódio Bianca Tavolari, pesquisadora do Cebrap e professora do Insper. É ela quem analisa a decisão do Congresso de derrubar o veto do presidente da República à lei que estabelece uma espécie de moratória dos despejos até 31 de dezembro. "Pela primeira vez, temos uma proteção importante" a pessoas em situação de vulnerabilidade habitacional. Mas a medida é paliativa e de curta duração, alerta. Bianca aponta ainda a escassez de dados oficiais sobre o problema, o que dificulta a elaboração de políticas públicas acertadas, e resume: "Para além da pandemia, ter uma moradia é porta de acessos a direitos".

Térmicas: emergência ou longo prazo?

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Diante da situação crítica dos reservatórios, o governo vem recorrendo progressivamente a uma energia mais cara e mais poluente do que a extraída da água. O movimento agora ganha contornos de estratégia, a ser implementada por meio de leilões que vão implicar na manutenção, por vários anos ainda, de fatia generosa para as termelétricas na nossa matriz (hoje, elas respondem por cerca de 32% do total gerado, enquanto as hidrelétricas amargam sua menor participação histórica, em torno de 50%). Letícia Fucuchima, repórter do jornal Valor Econômico, traz detalhes sobre esses leilões e mostra como a atual política não favorece a expansão de energias limpas como a solar e a eólica. "O racionamento de 2001 inaugurou uma safra de termelétricas", relembra Diogo Lisbona, pesquisador do Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura da FGV, também entrevistado por Renata Lo Prete. Ele explica por que o consumidor não deve esperar refresco tão cedo. "Tem termelétrica que gera energia ao custo de R$ 2 mil o megawatt hora", compara, enquanto no mercado o custo médio é de R$ 250.

O público de volta aos teatros

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Foram necessários 2 anos, 70 pessoas trabalhando diretamente e outras 400 na prestação indireta de serviços para colocar de pé um espetáculo que, depois de apenas 9 apresentações, saiu de cartaz em março de 2020. “Fomos os primeiros a parar e os últimos a retornar”, resume, em depoimento ao Assunto, a atriz Karin Hills, que faz o papel-título no musical sobre a trajetória da cantora disco Donna Summer. Em conversa com Renata Lo Prete, a produtora-geral e coreógrafa Barbara Guerra narra uma saga de ano e meio vivida por boa parte da classe artística: morte de colegas por Covid, contas a pagar sem receita para cobrir, luta para garantir algum suporte financeiro à equipe. Mesmo compartilhando com todos a emoção da reestreia, ela faz questão de frisar: “A pandemia ainda está aí. Voltamos, mas com protocolos e muita disciplina”. Para o sociólogo Danilo Santos de Miranda, há mais de três décadas diretor do Sesc-SP, a cena cultural brasileira passa por uma “euforia do retorno”, mas é preciso lembrar que ele ocorre num contexto de crise econômica, sanitária e sobretudo política -diante do “desmonte perpetrado” pelo governo federal numa área que, até a pandemia, respondia por cerca de 2% do PIB e abrigava 6% do total de pessoas ocupadas no país. “O presencial é indispensável à cultura”, afirma. “E nós vamos restabelecer isso, porque conhecemos o caminho”.

Os números maquiados da Prevent Senior

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Subnotificação de óbitos de pacientes que participaram, sem conhecimento, de experiência com cloroquina. Mortes registradas com outras causas, ocultando a verdadeira. Reclassificação sistemática de prontuários, apagando a referência a Covid. As evidências que se acumulam contra uma das maiores operadoras de saúdes do país são detalhadas neste episódio por Guilherme Balza, repórter da GloboNews que investiga as práticas da empresa desde o início da pandemia e já revelou capítulos importantes dessa história. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa também com Daniel Dourado, médico, advogado e pesquisador do Centro de Pesquisa em Direito Sanitário da USP. "Não se pode fazer pesquisa dessa maneira", pontua Daniel sobre as evidências de que pacientes participaram de estudos sem consentimento. Ele esclarece as possíveis consequências contra a empresa e o governo. Para Daniel, a punição às autoridades federais pode ser pensada de duas maneiras: "indicações penais e dos crimes de responsabilidade". Ele sinaliza ainda quais cuidados clientes de operadoras de saúde podem adotar para se proteger.

Precatórios: pedalada ou calote?

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São R$ 89 bilhões em dívidas judiciais da União a pagar em 2022, montante que o Executivo quer reduzir drasticamente para encaixar no Orçamento do ano eleitoral um Bolsa Família turbinado e que Jair Bolsonaro possa chamar de seu. Depois de algumas movimentações mal-sucedidas, surge um esboço de acordo entre os presidentes da Câmara e do Senado e o ministro da Economia. A proposta - detalhada neste episódio pela repórter Julia Lindner, do jornal O Globo - prevê limitar o desembolso com precatórios no ano que vem ao patamar de 2016, quando foi instituído o teto de gastos. Em valores corrigidos, R$ 40 bilhões. O restante - mais da metade, portanto - seria objeto de algum “encontro de contas” ainda por definir ou simplesmente empurrado para 2023. Também entrevistado por Renata Lo Prete, Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente, dá nome às coisas: ele explica por que algumas das manobras em discussão constituem pedalada fiscal, quando não configuram calote puro e simples. Uma “bola de neve” arriscada e, no entender de Salto, desnecessária: “É possível pagar” os precatórios em sua totalidade e elevar o valor do Bolsa Família, avalia o economista, autor de uma proposta alternativa baseada no remanejamento de recursos discricionários.

Crise da Evergrande e impacto no Brasil

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A ameaça de calote da segunda maior incorporadora chinesa, cujo passivo chega a US$ 300 bilhões, levou pânico aos mercados na largada da semana. "O risco financeiro é dentro da China, não fora", sintetiza Rodrigo Zeidan, professor da Universidade de Nova York em Shangai, de onde fala com Renata Lo Prete. Zeidan descreve a importância do setor imobiliário num um país em que mais de 1 bilhão de pessoas migraram do campo para as cidades nos últimos 30 anos. "Imóveis são vistos como algo que traz riqueza para a família", explica, lembrando o peso do setor no PIB. Zeidan diz ainda que, ao contrário da crise com o banco norte-americano Lehman Brothers, em 2008, agora a expectativa é que a China socorra e “estanque a crise financeira", mais do que a empresa, mas pondera que é difícil saber o "tamanho certo" da intervenção. Participa também do episódio Lívio Ribeiro, pesquisador do Ibre-FGV. É ele quem detalha os possíveis efeitos para o Brasil, principalmente para empresas do setor de mineração. Lívio pontua como 85% das exportações brasileiras para a China são de minério de ferro, soja e petróleo. Por isso os impactos podem ser sentidos aqui, principalmente pela desvalorização da moeda brasileira e da queda do preço das commodities.

Submarinos para a Austrália e o conflito do futuro

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O anúncio de que os Estados Unidos fornecerão submarinos à Austrália, atropelando um acordo de mais de US$ 50 bilhões que a França havia firmado para o mesmo fim, provocou uma crise diplomática entre Washington e Paris - de onde fala, neste episódio, a jornalista Adriana Moysés, da Rádio França Internacional. Ela explica por que, para o país, tratava-se do “contrato do século”, tanto do ponto de vista econômico quanto de ambição estratégica. E interpreta o ocorrido como mais um sinal do esvaziamento da Otan - a aliança militar que uniu americanos e europeus desde o final da 2ª Guerra Mundial. Também entrevistado por Renata Lo Prete, o cientista político Mathias Alencastro usa justamente a expressão “Otan do Indo-Pacífico” para se referir à nova parceria entre EUA, Austrália e Reino Unido, que tem como pano de fundo a competição entre americanos e chineses. Para ele, o que se encena na região é o “conflito do futuro”, enquanto o recém-encerrado em Cabul seria o do passado. A União Europeia, diz Alencastro, já foi mais impactada por 6 meses de Joe Biden do que por 4 anos de Donald Trump, e será obrigada a se reinventar.

IOF maior: novo improviso na economia

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Sem ter de onde tirar recursos para turbinar o Bolsa Família, Jair Bolsonaro e Paulo Guedes engoliram as próprias palavras e adotaram uma solução por decreto: aumentar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras. Isso deve bastar para o lançamento do programa rebatizado, principal aposta eleitoral do governo, “mas não há nada garantido para o ano que vem”, avisa Adriana Fernandes, repórter especial e colunista do jornal O Estado de S. Paulo. Para que o benefício vigore em 2022, “há uma conta de R$ 60 bilhões a ser fechada” no Orçamento. Conta que passa, explica Adriana, pela encrencada negociação, com Legislativo e Judiciário, para reduzir o saldo de quase R$ 90 bilhões de precatórios da União a pagar nesse período. Jornalista que acompanha há mais de duas décadas a agenda econômica em Brasília, Adriana analisa, na conversa com Renata Lo Prete, o potencial impacto negativo da elevação do IOF sobre a atividade já enfraquecida. Interpreta a medida como mais um sinal do “improviso” que tem pautado as decisões do governo, e aponta o vespeiro bilionário no qual ninguém quer de fato mexer: os chamados incentivos fiscais.

CPI e as cobaias humanas da pandemia

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Revelados pelo repórter da GloboNews Guilherme Balza, os indícios de acordo entre o governo Bolsonaro e a Prevent Senior para empurrar cloroquina a doentes de Covid estão na mira da Comissão Parlamentar de Inquérito. Depois de receber denúncia formal de médicos da operadora, os senadores vão ouvir seus dirigentes para tirar a limpo relatos de fraude em estudo sobre o medicamento e estímulo à circulação de pessoas em plena primeira onda da doença no Brasil. Neste episódio, além de conversar com Balza, Renata Lo Prete entrevista a jurista Deisy Ventura, professora titular de ética da Faculdade de Saúde Pública da USP. Coordenadora de um levantamento que tipificou ações e omissões do governo na pandemia, ela mostra como o caso Prevent Senior, assim como o desabastecimento de oxigênio em Manaus, pode acabar enquadrado na mais grave das categorias: crime contra a humanidade. “Houve banalização das mortes”. E muito mais do que incompetência: “O elemento da intencionalidade é fundamental para entender o que aconteceu”.

Mix de vacinas: por que e como fazer

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A estratégia de aplicar diferentes imunizantes contra a covid na mesma pessoa tem sido usada em países como EUA, Canadá, Alemanha, Israel e Coreia do Sul. Estudos preliminares indicam que, a depender da combinação, a resposta imune cresce. E até “dilui o risco de eventos adversos”, explica o professor Edecio Cunha-Neto, chefe do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia da Universidade de São Paulo. No Brasil, a prática passou a ser adotada por necessidade, em resposta a um apagão de Astrazeneca no início de setembro. Em estados como São Paulo, quem estava com a segunda dose pendente completará o esquema vacinal tomando Pfizer. A repórter da TV Globo Mariana Aldano conta como a população reagiu nos postos: de início teve dúvidas, mas logo entendeu a eficácia do arranjo e, principalmente, a importância de tomar as duas doses. Mariana mostra também como, mais uma vez, os governos federal e paulista se desentendem sobre como administrar a campanha de vacinação. E Edecio opina sobre outro ponto de discórdia: a ciência, ele afirma, dá razão aos que recomendam evitar a Coronavac como 3ª dose (o reforço) para os mais idosos, ao contrário do que prega a gestão Doria.

Bolsa Família: fila e incertezas

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Enquanto o governo busca espaço no Orçamento para chegar ao ano da eleição com uma versão turbinada do programa, na vida real cerca de 1,2 milhão de famílias aptas a receber o benefício seguem desassistidas. Um drama que se desenrola em meio ao aumento da pobreza no país, prestes a se agravar com o fim do auxílio emergencial da pandemia, explica Fernanda Trisotto, repórter do jornal O Globo. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa também com a socióloga Marta Arretche, professora titular da USP e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole. Ela mostra como o Bolsa Família, embora visto como ativo eleitoral pelos políticos, é vulnerável a cortes e roda hoje em patamares muito inferiores aos do passado. “O programa é pouco protegido contra estratégias silenciosas de retração”, ao contrário do que acontece, por exemplo, com o Benefício de Prestação Continuada, inscrito na Constituição. “Seu tamanho depende da disposição do governo de plantão”. Marta não acredita que a solução seja “constitucionalizar” o Bolsa Família, mas defende clareza e respeito a critérios de elegibilidade e fontes mais estáveis de financiamento.

Quanto dura o Bolsonaro “moderado”?

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O golpismo escancarado do presidente da República no 7 de Setembro provocou palavras duras de autoridades importantes, mas, apenas dois dias depois, a temperatura baixou, e a perspectiva de alguma consequência concreta desapareceu, por obra de uma operação de socorro capitaneada por ninguém menos do que Michel Temer. “A turma do deixa-disso barrou o impeachment", resume o sociólogo Celso Rocha de Barros, colunista da Folha de S. Paulo. Ele reconhece que o impedimento de Jair Bolsonaro via Congresso nunca foi cenário provável, mas avalia que o crime de responsabilidade enunciado com todas as letras na avenida Paulista colocou as coisas em outro patamar. E, como o presidente continua “sem a menor intenção” de mudar, pretendendo de fato "melar a eleição" de 2022, a sustentabilidade do arranjo endossado por boa parte do establishment político ainda está por ser demonstrada. Na conversa com Renata Lo Prete, Celso também analisa os protestos do fim de semana passado, capitaneados por ex-apoiadores de Bolsonaro como MBL e Vem pra Rua, e as dificuldades de construção de uma Frente Ampla. E lembra que, enquanto o país segue em suspense na trama do golpe, “não está nem por um segundo” se debruçando sobre seus graves problemas reais.

Estagflação: perigo real e imediato

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A escalada dos preços foi sentida primeiro e não parou mais: a taxa acumulada em 12 meses vai se aproximando dos dois dígitos. Recentemente, somaram-se a isso sinais de que a retomada da atividade patina: o PIB ficou negativo no segundo trimestre. “Não chega a ser recessão, mas praticamente não tem crescimento; e, apesar disso, a inflação está muito elevada”. Assim a economista Silvia Matos, do Ibre-FGV, define o quadro de estagflação que, em seu entender, já se configura no Brasil. Como em outros países, parte do problema se deve à pandemia, mas ela aponta pelo menos dois diferenciais: desvalorização da moeda local muito além da média e acentuada instabilidade política. “O governo contribui para a depreciação cambial”, diz. Embora reconheça o efeito perverso sobre a atividade, Silvia não vê alternativa ao aumento dos juros promovido pelo Banco Central, que tenta ser “bombeiro” enquanto o Planalto “joga gasolina” na inflação. Para abrir espaço no Orçamento aos programas sociais, ainda mais urgentes diante da corrosão da renda das famílias, ela defende o enfrentamento de algumas perguntas inconvenientes. “Precisamos de R$ 35 bilhões para emendas parlamentares?” ou de tantos “benefícios fiscais ineficientes?”.

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